Política

Troca de e-mails é uma das provas contra Marcelo Odebrecht

A mensagem eletrônica faz referência à colocação de sobrepreço de US$ 25 mil por dia no contrato de operação de sondas

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 19/06/2015 às 16:36

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Entre as provas que levaram à prisão de presidente da Odebrecht está uma troca de e-mail entre um executivo da Braskem, ele e três executivos da empreiteira. O documento apreendido na sede da Odebrecht em novembro de 2014 indica que Marcelo Odebrecht sabia e tinha poder de decisão no esquema de sobrepreço em contratos de afretamento e operação de sondas.

A mensagem eletrônica faz referência à colocação de sobrepreço de US$ 25 mil por dia no contrato de operação de sondas. Marcelo Odebrecht e os diretores Márcio Faria, Rogério Araújo e Alexandrino Alencar, da empreiteira, foram presos nesta sexta-feira, 19, na 14ª fase da Operação Lava Jato. Além do e-mail, apontamento de delações e outras provas levaram à prisão do presidente da empresa.

Confira o e-mail:

"De: ROBERTO PRISCO P RAMOS

Para: Marcelo Bahia Odebrecht; Fernando Barbosa; Marcio Faria da Silva; Rogerio Araujo

Enviada em: Mon Mar 21 19:01:54 2011

Assunto: RES: RES: sondas

Falei com o André em um sobre-preço no contrato de operação da ordem de $20-25000/dia (por sonda).

Acho que temos que pensar bem em como envolver a UTC e OAS, para que eles não venham a se tornar futuros concorrentes na área de afretamento e operação de sondas.

Já temos muitos brasileiros "aventureiros" neste assunto (Schahim, Etesco…).

Uma troca de e-mails é uma das provas contra Marcelo Odebrecht (Foto: Divulgação)

Internamente, eu posso transferir resultado da OOG para a CNO, mas não posso fazê-lo para as outras duas; isto teria que ir dentro do mecanismo de distribuição de resultados dentro do consórcio.Meu ponto é que ele não pode ser proporcional as participações atuais, porque, sem a OOG, a equação não fecha e quem trás a OOG é a CNO.

Em tempo: falei ao André, respondendo a pergunta dele, que o desenvolvimento do Operador tem que ser desde o inicio, para participar da escolha dos componentes, acompanhar a construção das Unidades, definir níveis de spare parts e, principalmente, preparar os testes e comissionamento. Ele pareceu entender."

Sistematização de fraudes

Segundo o procurador da República Carlos Fernando Lima e o delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula, essa e uma série de outras provas indicam o papel de domínio do fato do presidente da maior empreiteira do País no esquema de corrupção investigado pela Lava Jato. Para a força-tarefa da Lava Jato, havia sistematização de fraudes e desvios envolvendo contratos da empreiteira na área pública.

"A forma de contratação criminosa era disseminada dentro da Odebrecht e parece impossível se cogitar que não era de conhecimento deles (do presidente e executivos presos). Há prova material de que tinha conhecimento de pratica de sobrepreço nas contratações com a Petrobrás e que também haveria a participação deles direta nas divisões de contratos a serem contratos dentro do cartel", afirmou o delegado Igor Romário de Paula.

Ele elencou depoimentos, indicações das transferências bancárias realizadas a pedidos dos executivos da empreiteira e a troca de e-mail em que eles estão presentes. "São uma série de tipos de provas que somadas tornam pouco razoável que eles não tivessem conhecimento e participação no esquema."

Para o juiz Sérgio Moro, que conduz as ações da Operação Lava Jato, embora o fato necessite ser investigado mais profundamente a mensagem eletrônica também corrobora as declarações de delatores quanto à prática de crimes na relação entre a Odebrecht e a Petrobrás.

"Considerando a duração do esquema criminoso, pelo menos desde 2004, a dimensão bilionária dos contratos obtidos com os crimes junto a Petrobrás e o valor milionário das propinas pagas aos dirigentes da Petrobrás, parece inviável que ele fosse desconhecido dos Presidentes das duas empreiteiras, Marcelo Bahia Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo", afirma Moro.

"Mesmo ganhando a investigação notoriedade, com divulgação de notícias do possível envolvimento da Odebrecht e da Andrade Gutierrez, bem como a instauração de inquéritos, não há registro de que os dirigentes das duas empreiteiras, incluindo os Presidentes, tenham tomado qualquer providência para apurar, em seu âmbito interno, o ocorrido, punindo eventuais subordinados que tivessem, sem conhecimento da presidência, se desviado. A falta de qualquer providência da espécie é indicativo do envolvimento da cúpula diretiva e que os desvios não decorreram de ação individual, mas da política da empresa."

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