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A presidenta Dilma Rousseff afirmou que a dor praticada por uma pessoa sobre outra é “algo imperdoável, bárbaro”, e que provoca uma perda de valores humanos e de “tudo o que nós conquistamos, ao sair das cavernas, e nos elevarmos à condição de civilizados”. Falando sobre a tortura que sofreu nos três anos em que esteve presa durante a ditadura militar, ela disse que é um momento em que se aprende a resistir e que percebe que “só você mesmo pode te derrotar”.
Em entrevista para a jornalista Christiane Amanpour, do canal americano CNN, exibida nesta quinta-feira (10), Dilma contou que foi submetida a formas de tortura como o chamado pau de arara e o choque elétrico, “uma dor que anda”, nas suas palavras. “Não que seja fácil suportar a tortura, não é, e você só suporta a tortura se você se enganar, deliberadamente, dizendo: mais um pouco eu suporto, mais outro pouco eu suporto”, disse.
Perguntada sobre como esse período mudou sua visão de mundo, disse que não se pode criar ódio nem raiva contra quem pratica a tortura; esses sentimentos não podem se estender para ideologia e cultura dos torturados, avaliou. “Tem uma coisa que eu acho que a tortura me fez viver de uma forma intensa, é a certeza absoluta que nós derrotamos, no Brasil, quem a praticou”, avaliou, completando que a vitória não é pessoal, mas da democracia.
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Após falar sobre o tema, a presidenta foi confrontada com o fato de duas mil pessoas terem sido torturadas e mortas pela polícia brasileira em 2012. Dilma recorreu à parceria entre os entes federados, e afirmou que não se pode deixar intocada a estrutura prisional do Brasil, que envolve prisioneiros em situações sub-humanas. “Tem de haver uma interação entre o Executivo federal e as polícias; e as polícias são dos estados, porque na Constituição brasileira a atribuição da segurança pública é estadual”, afirmou, acrescentando que, para solucionar o problema, é preciso rever a Constituição Federal.
Ainda na entrevista à rede de TV americana, a presidenta disse defender tolerância zero com a corrupção. Respondendo a pergunta sobre a gravidade do tema para o Brasil, Dilma elencou iniciativas como o Portal da Transparência, a Controladoria-Geral da União e a concessão de autonomia à Polícia Federal para investigar crimes de corrupção. “Os dois lados, tanto quem corrompe como quem é corrompido, hoje, pagam diante da Justiça, o que eu acho uma grande melhoria porque um não existe sem o outro”, completou.
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