Política

Tarcísio recua e anuncia que irá a reunião de governadores com Lula em Brasília

A reunião de emergência foi agendada após os atos golpistas e de vandalismo que ocorreram em Brasília no domingo (8)

Luana Fernandes

Publicado em 09/01/2023 às 16:04

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O governador eleito de SP, Tarcísio de Freitas / Marcello Casal Jr./Agência Brasil

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O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), voltou atrás na decisão de não comparecer à reunião que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) marcou com governadores de todo o país, nesta segunda-feira (9), às 18 horas, em Brasília.

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A assessoria do governador, que é aliado de Jair Bolsonaro (PL), afirmou pela manhã que Tarcísio não iria ao encontro, mas, por volta das 14h, ele mudou de ideia e anunciou que irá à reunião com o presidente.

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A reunião de emergência foi agendada após os atos golpistas e de vandalismo que ocorreram em Brasília no domingo (8).

Antes de embarcar para a capital federal, Tarcísio vai se reunir no Palácio dos Bandeirantes com secretários e representantes do TRF (Tribunal Regional Federal), do Tribunal de Justiça de São Paulo, do Ministério Público de São Paulo e da Procuradoria-Geral do Estado.

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Pelo Twitter, Tarcísio chegou a repudiar a violência no domingo. "Para que o Brasil possa caminhar, o debate deve ser o de ideias e a oposição deve ser responsável, apontando direções. Manifestações perdem a legitimidade e a razão a partir do momento em que há violência, depredação ou cerceamento de direitos. Não admitiremos isso em São Paulo", publicou.

Tarcísio iria permanecer no estado para acompanhar a operação da Polícia Militar para desmobilizar acampamentos golpistas e para tratar da situação das chuvas que atingem cidades paulistas. As reuniões já agendadas foram delegadas a secretários para que o governador pudesse ir a Brasília.

No fim de semana, Tarcísio viajou a Balneário Camboriú (SC) para participar de um evento com empresários. Ao lado dele, estava o deputado estadual bolsonarista Frederico D'Avila (PL).

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No domingo, Lula esteve em Araraquara (SP) para prestar solidariedade às vítimas das chuvas. A cidade é administrada pelo petista Edinho Silva, que é próximo do presidente e fez parte da equipe da campanha presidencial.

A agenda do governador nesta segunda previa inicialmente uma reunião, das 15h às 17h, com prefeitos de municípios afetados pelas chuvas. Em seguida, às 17h, estava agendada uma reunião com os secretários Arthur Lima (Casa Civil), Lais Vita (Comunicação) e Lucas Ferraz (Negócios Internacionais).

Tarcísio tem adotado uma postura ambígua em relação ao bolsonarismo. Por um lado cercou-se de secretários não políticos, deu menos espaço a aliados de Bolsonaro no governo do que eles pleiteavam e tem o presidente do PSD, Gilberto Kassab, como padrinho. Em uma entrevista à CNN no mês passado, Tarcísio disse que nunca foi bolsonarista raiz.

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Por outro lado, como deve sua eleição ao eleitorado de Bolsonaro, agradeceu o ex-presidente em diversas ocasiões após ser eleito, contemplou alguns bolsonaristas radicais em seu secretariado e evita criticar de maneira incisiva as pautas que mobilizam os conservadores.

Integrantes do governo ouvidos pela Folha negaram que a ausência de Tarcísio na reunião com Lula carregaria uma mensagem de endosso aos bolsonaristas. Diante da repercussão, no entanto, o governador mudou de ideia.

Aliados de Tarcísio afirmam que o governador já repudiou a violência e que seu papel mais importante neste momento é garantir que não haja ações semelhantes no estado e que a Polícia Militar atue de forma rigorosa.
Interlocutores de Tarcísio afirmam ainda que o governo está monitorando áreas estratégicas, montou um gabinete de crise e que qualquer desordem será imediatamente combatida.

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Desde domingo, houve bloqueios de manifestantes na avenida 23 de Maio e na Marginal Tietê.

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, o bolsonarista Guilherme Derrite (PL), disse nesta segunda que são monitorados 34 focos de atos golpistas no estado.

Ele afirmou à imprensa que irá cumprir a ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), de desmantelar os acampamentos golpistas em todo o país.

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Segundo Derrite, o estado tem 24 horas para cumprir a decisão e a ideia é usar o diálogo para que os bolsonaristas deixem os arredores do Comando Militar do Sudeste, na zona sul da capital.

"É a certeza de que esse é o caminho. A gente vai cumprir a decisão judicial, mas a maneira como ela será cumprida vai ser o diferencial aqui em São Paulo. É uma orientação do governador [Tarcísio de Freitas] para que isso seja feito de maneia pacífica, e entendo que assim será", disse o capitão Derrite.

Na manhã desta segunda-feira, após 72 dias, o acampamento de manifestantes golpistas começou a ser desmontando pela Polícia Militar. Os acampados aceitaram os termos sem ressalvas, mas muitos reclamam e gritam contra Lula e os Poderes da República.

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Antes de Tarcísio se manifestar no domingo, havia sido dada pelo governo estadual uma ordem para que ninguém se manifestasse sobre a invasão em Brasília antes de consultar a chefia da administração, para evita ruídos.

"Caros, todo e qualquer pedido de imprensa sobre a invasão ao congresso nacional para seus secretários e/ou representantes de empresas ou autarquias devem ser imediatamente enviadas e alinhadas com a Secom. Nada deverá ser respondido ou publicado em redes sociais sem o devido alinhamento", disse mensagem distribuída a membros do governo.

Secom, no caso, é a Secretaria de Comunicação do governo estadual.

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Ao menos um secretário estadual fez comentário em rede social sobre a ação terrorista. Gilberto Nascimento Jr. (PSC), da pasta de Desenvolvimento Social, postou por volta das 15h45 uma foto tirada pelos manifestantes próximos à rampa do Congresso Nacional. A postagem, no Instagram, incluía uma ilustração com a expressão "se liga".

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