ELEIÇÕES 2022
Em entrevista à Rádio Trianon, à Gazeta e ao Diário, candidata fala sobre poder feminino, imposto único e afastamento do bolsonarismo
Soraya Thronicke ao lado de Marcos Cintra, seu candidato a vice / Bruno Hoffmann/Gazeta de S. Paulo
Continua depois da publicidade
A senadora e presidenciável Soraya Thronicke (União Brasil-MS) disse que luta para as mulheres terem mais influência em pautas de poder dentro do Congresso Nacional, e que não fiquem restritas a liderarem bandeiras relacionadas a temas como gênero e sexualidade, por exemplo.
"Eu tenho falado com o presidente [do Senado] Rodrigo Pacheco que essas pautas de violência contra mulheres poderiam ser defendidas pelos homens. Mas, geralmente, essas relatorias de questões de vulnerabilidade são dadas para nós, mulheres", disse ela.
Continua depois da publicidade
"Como o maior número de violência vem dos homens, poderia trazer para nós mulheres relatorias que são concernentes a orçamento, economia, infraestrutura. Nós temos capacidade para isso. Eu quero pautas de poder para as mulheres", completou.
A afirmação foi dada na manhã desta segunda-feira ao falar como via a questão do feminismo dentro da política durante a entrevista da candidata ao programa Metrópole em Foco, da Rádio Trianon, que contou com a participação do repórter da Gazeta e do Diário do Litoral.
Continua depois da publicidade
Assista à entrevista completa:
Segundo ela, que não costuma se intitular feminista, a questão de gênero muitas vezes serve para distrair a população de pautas mais importantes.
Continua depois da publicidade
"As questões da vida privada das pessoas não são questão de estado. Vai ao banheiro que você se sente bem [com a sua identidade de gênero]. Essas questões ficam permeando e distraindo a população brasileira enquanto a gente esquece o que é essencial, o que é mais importante", disse.
"Queremos a paridade em tudo. Não queremos mais, não queremos ser maiores ou melhores do que os homens. Não estamos competindo nesse sentido com ninguém. Você não vai votar numa mulher só porque ela é uma mulher. Ela tem que ter capacidade", afirmou ainda a candidata.
Imposto único
Continua depois da publicidade
Ao seu lado durante toda a entrevista esteve o seu candidato a vice, o ex-deputado federal Marcos Cintra (União Brasil), que há mais de 30 anos defende que o País adote o imposto único. Soraya empunha a mesma proposta, mas numa versão que afetaria inicialmente apenas impostos federais, 11 ao total, para retirar o empecilho de negociar com estados e municípios a alteração da arrecadação de impostos.
A proposta do imposto único federal, considerada o carro-chefe de sua campanha, propõe substituir 11 tributos federais por um imposto só.
"Marcos Cintra estuda o imposto único há 30 anos. E, para facilitar, a proposta inicial é adotar o imposto único federal, de forma bem tranquila, para simplificar todo nosso sistema tributária.Estamos respeitando em absoluto o pacto federativo. Não iremos atrapalhar toda a transferência da arrecadação para estados e municípios", disse ela.
Continua depois da publicidade
A candidata do União Brasil também afirmou que pretende revisar o Imposto de Renda, para cobrar apenas de quem ganha acima de cinco salários mínimos, além de isentar do Imposto de Renda todos os professores do País.
Afastamento do bolsonarismo
Ela se elegeu senadora pelo Mato Grosso do Sul como um discurso pró-Bolsonaro, mas é contrária ao presidente. Ela afirmou na entrevista do seu afastamento se deu por conta da traição de Jair Bolsonaro (PL) de algumas bandeiras caras a ela.
Continua depois da publicidade
"Um filho do presidente já veio me atacar no Twitter, dizendo que eu era traidora. Eu disse: vocês que trairam a bandeira da liberdade econômica e, principalmente, do combate à corrupção, começando por você que, aos berros, ligou para o Major Olimpio, para a senadora Selma e a mim determinando que retirássemos nossas assinaturas da CPI do Lava Toga. Isso é um bastidor que eu não tinha contado ainda".
Nesse momento, ela citou um momento questionado durante a entrevista, em que foi abordada sobre ela ter dito que poderia revelar informações delicadas sobre o governo Bolsonaro.
"Estou nos bastidores como senadora e já vi muita coisa. Como advogada sei que não posso ser irresponsável, que tudo tem seu tempo processual. Têm questões que estou acompanhando, principalmente da CPI da Covid, que ainda não estão maduras o suficiente e que ainda não foram objeto sequer de um processo judicial. Há questões também que caminham de segredo de justiça, e há questões de fofoca de corredor".
Continua depois da publicidade
Sobre a tensão entre Bolsonaro e ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), como Alexandre de Moraes, ela lamentou a perda de respeito entre os poderes.
"É gravíssimo. É um poder perdendo o respeito com outro poder. Não podemos nunca generalizar. Podemos dizer que não gostamos da atitude de tal ministro, mas não generalizar todo o Poder Judiciário, senão vira uma caça às bruxas e traz instabilidade", completou ela.
Continua depois da publicidade