Continua depois da publicidade
O presidente da Síria, Bashar Assad, anunciou nesta segunda-feira que concorrerá à Presidência para um novo mandato de sete anos nas eleições de junho. A expectativa é de que ele vença as eleições em meio à guerra civil que começou como uma revolta contra o seu governo.
A oposição síria e seus aliados no Ocidente condenaram a decisão de Assad, que já era esperada. Ativistas antigoverno lembraram que foi a recusa do presidente a deixar o poder que desencadeou o conflito sírio, que já matou mais de 150 mil pessoas e desalojou mais de um terço da população de antes da guerra, de 23 milhões de pessoas, desde que o conflito começou há três anos.
O governo apresentou o pleito de 3 de junho como a solução para o conflito, defendendo que, se a população escolher Assad na eleição, o confronto deveria terminar. Se Assad perder a eleição, ele promete deixar o poder. Mas os oponentes do presidente rejeitaram a noção de que a eleição refletirá a vontade popular. Votar será impossível em partes do país sob controle rebelde e difícil em outras áreas onde há disputa entre governo e insurgentes. Apenas em bastiões do governo a votação será possível, o que levanta dúvidas sobre a legitimidade do resultado.
O presidente do Parlamento, Jihad Laham, anunciou a candidatura de Assad na rede de televisão estatal. A TV estatal mostrou uma breve biografia de Assad e citou o presidente pedindo aos sírios que não recorram a tiros de comemoração após o anúncio. Assad, que comanda o país desde que assumiu o lugar de seu falecido pai em 2000, já sugeria há tempo que tentaria outro mandato, refletindo sua determinação em mostrar que é o líder legítimo da Síria.
Continua depois da publicidade
Seis outros candidatos declararam que concorrerão à Presidência, mas analistas os acusam de ser apenas fantoches para proporcionar um verniz de legitimidade ao pleito. "Ele é o sétimo candidato, mas na realidade ele é o único candidato", disse um professor de ciência política da Universidade Americana em Beirute, Hilal Khashan. "Os outros são parte do processo decorativo para dar a impressão que as eleições presidenciais desta vez serão diferentes."
Alguns ativistas apontam que as eleições não serão suficientes para curar uma nação dividida após três anos de conflito. "Se ele (Assad) tivesse anunciado isso no início da revolução, ele teria economizado todo aquele sangue que foi derramado", afirmou o ativista que usa o nome de Abu Akram al-Shami, falando pelo Skype de Damasco. Al-Shami disse que ele e outros ativistas iriam ignorar a eleição, acrescentando que a guerra agora não é apenas contra Assad, mas "o regime inteiro". "Mesmo se, digamos, ele (Assad) deixar o poder, como as coisas estão agora o seu regime continuaria", acrescentou.
Continua depois da publicidade
A oposição síria no exterior defende que Assad deixe o poder em favor de um governo de transição que iria administrar o país até que eleições efetivamente livres para a Presidência e o Parlamento pudessem ser realizadas. Tanto Assad pai como o filho foram eleitos em referendos nos quais eram os únicos candidatos e eleitores apenas marcavam sim ou não nas urnas. No mês passado, o Parlamento sírio aprovou uma lei eleitoral abrindo a porta para outros candidatos. Mas a nova lei estipula condições para evitar que figuras da oposição consigam concorrer.
Continua depois da publicidade