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Em tempos de "oposição selvagem" - expressão cunhada pelo líder do PSDB na Câmara, Antônio Imbassahy (BA), para classificar a nova conduta dos colegas de partido no Congresso -, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (PSB), terceira colocada nas eleições presidenciais deste ano, tem encontrado dificuldades em se reposicionar politicamente.
Apesar de ter retomado a criação do seu novo partido, a Rede Sustentabilidade, ela está discreta após o 2º turno: aparece pouco em público e concentra sua atuação nas redes sociais.
Na semana passada semana, enquanto o PSDB complicava a vida do governo nas sessões para aprovação da flexibilização da meta fiscal, Marina, sem o palanque que um mandato parlamentar oferece, recorreu ao Facebook. Disse que a mudança faria o governo perder "o que lhe resta de respeitabilidade".
A ex-ministra também usou as redes sociais para explorar as denúncias de corrupção na Petrobrás. Buscou ainda abordar temas que lhe são caros, como o aumento do desmatamento na Amazônia. Em uma das poucas entrevistas que concedeu após as eleições, criticou as medidas tomadas pela presidente na economia, como o reajuste de preços e a elevação da taxa de juros.
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Enquanto busca se posicionar, mesmo que virtualmente, Marina enfrenta baixas em seu círculo imediato. Ela foi surpreendida há uma semana com o comunicado de que um dos seus principais operadores políticos iria deixar de ser porta-voz da Rede para se dedicar a um projeto pessoal. Walter Feldman, que foi o coordenador da campanha da ex-ministra este ano, decidiu assumir um cargo de chefia na Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e, por isso, não vai conseguir manter a sua função na Executiva da Rede (mais informações abaixo).
Adesões. O plano da ex-ministra é conquistar parlamentares para sua nova sigla. Seus aliados esperam atrair pelo menos dez, entre deputados e senadores, depois que a Rede for regularizada - o que deve acontecer até março. Com uma bancada pequena, a ideia é atuar em sintonia com partidos como o PSB, pelo qual Marina disputou as eleições este ano. Só então ela terá condições de retomar um protagonismo no debate nacional.
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Há, porém, um complicador. O fato de ter apoiado Aécio no 2.º turno das eleições de outubro acabaram por afastar políticos alinhados mais à esquerda.
Para o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), que nunca escondeu a disposição de migrar para a Rede quando o partido fosse criado, a aliança com o tucano foi "um equívoco" e afastou do grupo alguns setores. "Muita gente deixou de considerar a Rede como uma alternativa depois disso", afirmou. O senador conta que já foi procurado por interlocutores de Marina. Diz que está aberto ao diálogo, mas que a sua disposição de se juntar ao grupo arrefeceu.
Apesar das dificuldades, aliados também avaliam que a situação de Marina é mais estável este ano do que era em 2010, quando também terminou as eleições em terceiro lugar. Com a decisão de deixar o PV, ela ficou sem partido até 2013, quando começou a articular, sem sucesso, a Rede. Agora, se os planos derem certo, poderá atuar até 2018 como liderança partidária, mesmo que com uma pequena bancada. Também se dedicará a palestras, artigos na imprensa e, é claro, críticas ao governo no Facebook.
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