Política
Os Estados Unidos têm pressionado Bolsonaro a cancelar, ou ao menos adiar, a viagem a Moscou, em mais uma ação para tentar isolar Putin durante a escalada de tensões na fronteira com a Ucrânia
Nesta quinta, Bolsonaro também falou sobre as relações do com o peruano Pedro Castillo, eleito por um partido de esquerda / Agência Brasil
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) indicou nesta quinta (3) que deve manter a visita à Rússia, programada para ocorrer em meados de fevereiro, mesmo em meio a tensões na fronteira do país com a Ucrânia. O líder brasileiro também afirmou, num aceno para reduzir a pressão sobre o encontro com o líder russo, Vladimir Putin, que iria aos EUA caso fosse convidado pelo presidente americano, Joe Biden.
"Brasil é Brasil, Rússia é Rússia. Faço relacionamento com o mundo todo. Assim como se Joe Biden me convidar, estarei nos EUA com o maior prazer", afirmou o presidente, que participa nesta quinta de uma reunião bilateral com o presidente do Peru, Pedro Castillo, em Porto Velho (RO).
Os Estados Unidos têm pressionado Bolsonaro a cancelar, ou ao menos adiar, a viagem a Moscou, em mais uma ação para tentar isolar Putin durante a escalada de tensões na fronteira com a Ucrânia.
Diplomatas americanos expressaram preocupação com o momento da visita. Na avaliação da Casa Branca, a visita de Bolsonaro a Putin passaria a mensagem de que o Brasil apoia as ações do Kremlin no Leste Europeu, dando legitimidade a algo que os EUA consideram uma violação do direito internacional.
A crise foi desencadeada depois de a Rússia mobilizar de 100 mil a 175 mil soldados em zonas próximas às fronteiras com a Ucrânia. Os EUA e aliados da Otan, a aliança militar ocidental, acusam Putin de preparar uma invasão do país vizinho, como fez em 2014, quando anexou a Crimeia.
Nesta quinta, Bolsonaro também falou sobre as relações do com o peruano Pedro Castillo, eleito por um partido de esquerda. "Queremos uma América do Sul livre, liberdade de expressão, liberdade de imprensa para todos. Logicamente que esse encontro tem a ver com isso. Não podemos ter uma boa relação se a democracia não imperar de fato em seu país", disse Bolsonaro.
Na sequência, destacou que as críticas e possíveis atritos com o líder peruano não são mais um problema. Na época das eleições no país latino-americano, em 2021, Bolsonaro chegou a lamentar a vitória de Castillo sobre Keiko Fujimori, candidata de direita e filha do ex-ditador Alberto Fujimori.
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"Perdemos agora o Peru. Voltou, pelo que tudo indica, falta 1% de apuração lá, só um milagre para reverter, vai reassumir lá um cara do Foro de São Paulo [organização de partidos de esquerda]", afirmou à época.
Bolsonaro e Castillo assinam em Porto Velho uma série de acordos bilaterais. Antes do evento, o líder brasileiro destacou que as parcerias refletem o espírito de um bom relacionamento entre os países.
O presidente chegou à Base Aérea de Porto Velho (RO) por volta das 10h, no horário local (11h em Brasília), e foi recebido por dezenas de apoiadores. Sem máscara, acenou e cumprimentou alguns presentes, além de segurar uma criança no colo.
Ele também participou de uma motociata que teve 180 participantes, todos cadastrados pela internet previamente. Antes do início do evento, os apoiadores foram revistados por policiais federais e militares, além de receberem uma identificação por meio de um adesivo. Na entrada do Palácio Rio Madeira, sede do governo de Rondônia, comerciantes vendiam bandeiras do Brasil e toalhas com a imagem de Bolsonaro. Um carro de som executava o hino nacional e da Independência.
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