Política

Risco de impeachment cresceu, mas seria traumático, diz cientista político

"Há duas semanas, aumentamos de 20% para 30% a probabilidade de que a presidente não termine o seu mandato", disse Christopher Garman

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 17/07/2015 às 18:48

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A crise política vivida pelo governo da presidente Dilma Rousseff tem se agravado nas últimas semanas, mas a possibilidade de impeachment, apesar de ter crescido, ainda é pouco provável na avaliação do cientista político Christopher Garman, diretor de Pesquisa da consultoria de risco político Eurásia. "Há duas semanas, aumentamos de 20% para 30% a probabilidade de que a presidente não termine o seu mandato", disse Garman, ressaltando que um eventual processo de impeachment seria "traumático" para o país e para a política econômica.

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Ao participar de Conference Call promovido em parceria com GO Associados, Garman afirmou que a Eurasia trabalha com o cenário mais provável - 55% - de que a presidente Dilma consiga entregar o ajuste fiscal ao longo de seu mandato. "Mesmo que seja aos trancos e barrancos, é provável que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, continue capitaneando a política econômica", explicou.

Para Garman, a principal preocupação e que pode agravar o cenário político atual não é exatamente a crise econômica e política e sim o desenrolar das investigações da Operação Lava Jato. "Nossa preocupação em termos de construção de cenários sempre focou no risco Lava Jato", disse.

Um terceiro cenário que Garman trabalha - com 15% de probabilidade de acontecer na sua avaliação - é uma crise de governabilidade que derrube a capacidade do governo entregar o ajuste fiscal e com isso afrouxar a política econômica. "Seria um cenário em que Dilma largaria o Levy e faria uma guinada à esquerda", afirmou. "Acho pouco provável e se houvesse essa guinada o risco político de impeachment poderia aumentar ainda mais", afirmou.

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Christopher Garman admite que o risco de impeachment cresceu (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)

Efeito Cunha

A despeito do anúncio feito hoje pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de rompimento com o governo, Garman afirma que para a maior parte do PMDB ainda "é útil" manter a aliança com o governo. "É útil na medida em que ela permanece como alvo da opinião pública e que a mídia ainda foque nas investigações ligadas ao PT", disse.

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Segundo Garman, em um cenário em que o vice-presidente Michel Temer assumisse a presidência, o PMDB poderia ficar sob os holofotes e mostrar suas fraquezas já que também há membros do partido sendo investigados pela Polícia Federal, como o próprio Cunha e o presidente do Senado, Renan Calheiros.

O cientista político classificou a reação de Cunha hoje de "desespero" ao tentar transformar as investigações contra ele de "jogo político do Planalto" para derrubá-lo e disse que o risco maior de a crise política se agravar é caso as investigações cheguem de fato ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Todos temem as repercussões desse cenário. Lula perdeu capital político, mas ainda detém 30% do eleitorado", disse.

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