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O sub-secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Ricardo Paes de Barros, afirmou que o "sistema de transferência (de renda) brasileiro vai ter que ser aperfeiçoado", pois "a pior coisa para a política social no Brasil é se cristalizar". Segundo ele, a grande vantagem da política social escandinava é que ela é muito dinâmica.
Barros destacou que o novo caminho da política social no País deverá sair de um amplo debate na sociedade, liderado pelo governo. "O Brasil da próxima década será mais maduro e precisará trabalhar com escolhas. Terá de lidar com evidências científicas para apontar que um programa é bom."
Segundo o sub-secretário da SAE, o Brasil "tem de reestruturar todo o seu sistema de transferência". No foco do aperfeiçoamento das políticas sociais estaria também o Bolsa Família, segundo ele. "Temos o bolsa família que está bem focalizado. Mas será que ele estará bem focalizado para sempre?", questionou. "Hoje as pessoas estão aprendendo que o Bolsa família está focalizado na renda que declara. As pessoas estão aprendendo que se declararem 10 reais a menos, elas vão ganhar 10 reais", disse, ressaltando que por esta razão são necessárias mudanças periódicas.
Paes de Barros elogiou as avaliações do ministro indicado da Fazenda, Joaquim Levy, sobre o tema. "Levy colocou de maneira perfeita. Temos desafios. Um deles é um sistema de transferência de rendas com um pedaço aqui e outro ali. Temos que concatenar o abono salarial com bolsa família", disse. "Temos que criar um sistema aonde trabalhar no setor formal não reduz as transferências que você recebe do governo."
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Na avaliação de Paes de Barros, apesar de o Brasil ter reduzido muito a informalidade nos últimos anos não ocorreram avanços razoáveis da produtividade da economia, sobretudo dos serviços. "Se pegarmos uma lista das 100 melhores empresas no mundo, vai ter uma lá, como também terá na lista das 100 piores", disse. "Temos que garantir que a pequena e média empresa aumente a produtividade. Isto foi o que a Coreia do Sul fez."
O sub-secretário da SAE também defendeu o aumento da poupança no Brasil, a fim de elevar a capacidade de investimento do País. "Eu acho que deveríamos convencer desesperadamente a nova classe média a poupar."
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Paes de Barros fez os comentários na tarde deste sábado, após participar de um painel que abriu o segundo dia da Conferência "Desafios para assegurar o crescimento e uma prosperidade compartilhada na América Latina", realizada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), em Santiago, no Chile.