Política
Segundo o PT, as investigações se concentram no período posterior a 2010, sendo que existem indícios de que o esquema de corrupção na Petrobras começou em 1995
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O PT protocolou nesta segunda-feira, 23, representações junto às corregedorias do Ministério Público Federal e da Polícia Federal questionando a linha de investigação da Operação Lava Jato. Segundo o PT, as investigações se concentram no período posterior a 2010, quando a presidente Dilma Rousseff foi eleita, sendo que existem indícios de que o esquema de corrupção na Petrobras começou em 1995, no primeiro ano do governo Fernando Henrique Cardoso.
Além disso o PT protocolou duas interpelações, uma cível outra criminal, contra o ex-gerente de Serviços da estatal Pedro Barusco que, em delação premiada, acusou o partido de receber US$ 200 milhões em propinas. A interpelação é o primeiro passo um processo por danos morais contra o ex-gerente da estatal. O partido questiona, por exemplo, onde estariam os US$ 200 milhões supostamente destinados à legenda.
Os documentos mostram que o objetivo do PT é ampliar as investigações para o período anterior à chegada do partido ao governo federal. Na representação feita junto à Corregedoria do Ministério Público Federal, o partido questiona se a linha adotada no interrogatório de Barusco foi uma iniciativa dos procuradores que participam da operação ou partiu apenas da PF, além de pedir a apuração de vazamentos de dados sigilosos.
Já na representação feita à Corregedoria da PF, o partido pede explicitamente que sejam "apurados todos aspectos" da delação de Barusco que, em um dos depoimentos, confessou receber propinas desde 1997.
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Na semana passada Dilma chegou a dizer que se o esquema deveria ter sido investigado nos anos 1990, na gestão tucana. Em outro flanco, a bancada governista na Câmara tenta incluir o governo FHC no escopo da nova CPI da Petrobras que será instalada quinta-feira. Para isso, a liderança do PT vai tentar aprovar no plenário da comissão a mudança do período de investigação, hoje restrito entre 2005 e 2015.
Além de Barusco, o empresário Augusto Ribeiro Mendonça Neto, da Setal Engenharia, uma das empreiteiras envolvidas no esquema, disse aos investigadores da Lava Jato que o "clube" criado pelas empresas para repartir obras e contratos existe desde a década de 1990.
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Em novembro do ano passado, a própria Procuradoria-Geral da República afirmou, em um pedido de bloqueio de bens das empreiteiras, que o esquema de desvios na Petrobrás existe há 15 anos, ou seja, desde antes da chegada do PT ao governo.
Os tucanos e o próprio Fernando Henrique Cardoso, afirmam que o episódio de propina citado por Barusco envolveu apenas a negociação dele com o executivo na época e não teve relação com o partido.