Política

PT oficializa Dilma à Presidência para tentar afastar fantasma do 'Volta, Lula'

O apoio dos cerca de 2 mil convidados que compareceram ao 14.º Encontro Nacional do partido, nesta sexta-feira (2), em São Paulo, foi unânime

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 02/05/2014 às 21:21

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O PT usou hoje (2) a abertura de seu 14.º Encontro Nacional para ratificar o nome de Dilma Rousseff como pré-candidata do partido nas eleições de outubro. O presidente do partido, Rui Falcão, perguntou aos 800 delegados e aos cerca de 2 mil convidados que compareceram ao Anhembi, na zona norte de São Paulo, se concordavam com o projeto reeleitoral. O apoio foi unânime. O ato foi uma forma de tentar dissipar o coro do "Volta, Lula".

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O comando de diversas correntes internas do PT concordou até em produzir uma resolução política oficializando a indicação de Dilma como candidata do partido à reeleição. A ideia é produzir um documento curto no qual o partido indica a presidente como única postulante da legenda ao Planalto e delegar à convenção nacional, em maio, apenas a formalização da candidatura. Divulgação deste documento deve ocorrer hoje.

A aprovação do documento pró-Dilma foi defendida pelo presidente do partido, pelo ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, pelos deputados Fernando Ferro (BA) e José Pimentel (CE) e até por líderes das correntes minoritárias como Markus Sokol, do grupo trotskista O Trabalho. "A candidatura de Dilma é um consenso no partido. Se existir o ‘Volta, Lula’ é uma coisa residual", disse Berzoini, referindo-se aos rumores de que Lula poderia substituir Dilma como candidato do PT neste ano.

Além dos defensores dentro do próprio partido, integrantes da base aliada, como uma parte dos deputados do PR, fazem coro pela candidatura lulista. O partido não teve representantes na mesa do encontro da noite de ontem em que estavam Lula e Dilma. Outras siglas aliadas, como o PSD e o PTB, por exemplo, estavam no encontro e confirmaram seu apoio à presidente, que entrou no auditório do Anhembi ao lado de Lula, sob gritos dos delegados e convidados: "1,2,3, é Dilma outra vez".

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A presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participam do 14º Encontro Nacional do PT (Foto: Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo)

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Mais cedo, enquanto os petistas discutiam acréscimos e mudanças nos textos "Tática Eleitoral e Política de Alianças" e "Diretrizes do Programa de Governo", que serão aprovados hoje (3), Dilma estava reunida com Lula para definir o formato da equipe de campanha.

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O primeiro evento no qual Lula falou claramente que Dilma seria candidata à reeleição ocorreu em fevereiro de 2013. Em discurso durante a festa de aniversário do PT, o ex-presidente afirmou que a reeleição de Dilma seria "uma resposta" às críticas da oposição - a época, o senador Aécio Neves, pré-candidato tucano ao Planalto, havia realizado um discurso no Senado apontando os 13 "fracassos" da administração de Dilma.

‘Irrelevante’. Uma das hipóteses discutidas é de que o ex-presidente tenha um cargo formal na equipe como sinalização de que ele não apenas está incorporado à campanha como aceitaria ficar abaixo de Dilma na hierarquia da equipe. A proposta, no entanto, esbarra na agenda eleitoral intensa que Lula terá em todo o Brasil a partir da próxima semana, quando volta de uma viagem à África, participando dos palanques de Dilma e de candidatos petistas a governos estaduais.

"É completamente irrelevante se Lula terá cargo na campanha ou não. Ele é a inspiração principal no partido", disse o governador petista do Rio Grande do Sul, Tarso Genro.

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Apesar da aparente unidade em torno do nome de Dilma, o encontro petista foi palco para críticas ao modo como a presidente faz política no comando do País. Nas várias reuniões paralelas ao evento principal, dirigentes estaduais reclamaram da indisponibilidade de datas na agenda de Dilma para atos políticos em suas regiões.

Romênio Pereira, do Movimento PT, corrente com forte presença em Minas Gerais, reclamou também da hegemonia paulista na coordenação da campanha à reeleição. "É uma coordenação muito paulistanizada. Defendemos que além do grupo executivo haja um outro nível de coordenação que represente melhor o conjunto da federação e também os partidos aliados", disse.

À esquerda. Setores à esquerda do partido discordaram do texto sobre diretrizes do programa de governo alegando que o documento elaborado pelo assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, dá muito espaço aos temas do governo e relega a agenda do partido.

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