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Em resposta ao deputado estadual Luiz Moura (PT), que ameaçou recorrer à Justiça contra a decisão do partido de lhe negar o direito de concorrer às eleições de outubro, o presidente do PT paulista, Emídio de Souza, afirmou nesta quarta-feira, 4, que "não teria o menor sentido" o Judiciário impor uma candidatura ao partido.
O deputado é suspeito de ter relações com integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa que atua no Estado. Em 7 de março, ele se reuniu em uma garagem de ônibus na zona leste de São Paulo com homens apontados pela Polícia Civil como integrantes do PCC. A reunião foi objeto de investigação da polícia, que apurava os ataques a ônibus. Alguns dos presentes foram conduzidos para a delegacia. Um dos homens era um foragido da polícia.
O PT suspendeu as atividades partidárias de Moura por 60 dias, a fim de evitar que ele possa concorrer à eleição. Sem poder exercer seus direitos plenos de filiado, o petista não terá legenda para tentar a reeleição. Na Assembleia Legislativa, Moura é alvo de um processo no conselho de ética. "Não acredito que a Justiça vá interferir. Quem deve escolher seus candidatos é o partido político, não é a Justiça impor nenhuma candidatura. Não teria o menor sentido", declarou.
Emídio, que também coordena a pré-candidatura do ex-ministro Alexandre Padilha ao governo do Estado, sustentou que o partido garantirá o direito do deputado de recorrer contra a decisão que lhe suspendeu as atividades partidárias, e disse que o PT tomará uma decisão terminativa ao fim desse prazo. As declarações foram dadas ao fim de um café da manhã com Padilha, organizado pela agência de notícias EFE.
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À tarde, Emídio se reuniu com a bancada do PT na Assembleia Legislativa, e explicou aos colegas de Moura a decisão da Executiva do partido. Parte dos deputados afirmou ao presidente do partido que a decisão pela suspensão havia sido precipitada, e ressaltou que Luiz Moura era "um dos nossos". Essa parte da bancada acredita que Moura está sendo julgado com base em informações extraoficiais.
O presidente do PT comparou o caso ao episódio que envolveu o deputado federal André Vargas (sem partido). E disse que era um parlamentar muito mais importante, por ser vice-presidente da Câmara dos Deputados. Mesmo assim, o partido foi rigoroso com ele - a decisão do PT nacional de enviar o caso de Vargas à comissão de ética do partido fez com que ele se desfiliasse.
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Emídio ainda argumentou que o PT é um partido visado, dirige o País, e não poderia ficar refém dessa agenda nem poderia ficar sangrando um mês, como no caso de André Vargas. A direção do PT espera que Luiz Moura se desfilie antes do prazo de 60 dias.
Padilha
O ex-ministro, por sua vez, esquivou-se de responder se a presença de Moura no PT constrangeria sua candidatura, ao fazer o debate sobre segurança pública. Tampouco opinou se Moura deveria ser expulso. Padilha voltou a afirmar que o PT "será implacável com qualquer facção criminosa e qualquer pessoa que se aproxime de uma facção criminosa".
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