Política

PSDB tenta capitalizar insatisfação popular

O partido tem pouco mais de um milhão de filiados e pretende, até a eleição de 2018, aumentar significativamente este número com uma chamada 'onda azul' de filiações

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 11/01/2015 às 11:34

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Os cerca de 51 milhões de votos do candidato derrotado do PSDB nessas eleições presidenciais, senador Aécio Neves (MG), representam um incentivo para tornar a sigla não apenas o maior partido de oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT) mas também para se consolidar como porta-voz das mudanças pleiteadas por quase 70% da população brasileira.

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Fundado em 25 de junho de 1988, o partido tem pouco mais de um milhão de filiados e pretende, até a eleição de 2018, aumentar significativamente este número com uma chamada 'onda azul' de filiações. O movimento tentará capitalizar a insatisfação da parcela insatisfeita da população para as alas do partido, a fim de aumentar sua participação nos postos chaves no comando de municípios, Estados e do próprio País no próximo pleito.

Pessoas ligadas à direção da legenda afirmam que o caminho está pavimentado, mas os correligionários precisam manter a mobilização e se concentrar nos grandes temas dos próximos anos. Estarão na pauta desde a questão econômica até os escândalos que assolam os partidos - o ex-dirigente nacional da sigla Sergio Guerra, morto em março do ano passado, foi citado pelo delator Paulo Roberto Costa junto com outros 27 políticos envolvidos no escândalo da Petrobras. A voz corrente das lideranças do partido incluindo o governador reeleito de São Paulo, Geraldo Alckmin, é que a apuração vale para todos.

Aliado ao movimento de filiação partidária e de mobilização, boa parte dos dirigentes do PSDB defende que a sigla se consolide para a próxima disputa presidencial numa linha parecida com a que o PT trilhou antes de assumir o poder: investir em um único nome que pleiteie o posto até conquistar a tão sonhada cadeira presidencial, a exemplo do que fez o ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva. E para esses correligionários, incluindo os do maior colégio eleitoral do País, São Paulo, cuja liderança é do governador Geraldo Alckmin, o posto já tem dono: o senador mineiro Aécio Neves.

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Nos bastidores e em público, a defesa do nome de Aécio como 'concorrente oficial' do partido à Presidência é feita com veemência. Um integrante da executiva nacional da sigla disse ao Broadcast Político que, mesmo com nomes tradicionais que poderiam pleitear a cabeça de chapa nas eleições 2018, o de Aécio tem a preferência. "Mesmo em São Paulo, terra de Serra (senador eleito José Serra) e de Alckmin, três entre dois convencionais apostam no nome do senador mineiro", diz a fonte.

A deputada federal Mara Gabrilli (PSDB-SP) afirma que Aécio já está sendo muito bem avaliado pela população não apenas pela votação expressiva que teve nas urnas, mas pelo trabalho que vem fazendo no Congresso Nacional, na oposição ao governo petista. "Ele se consolidou como oposição e nosso partido está se repaginando e angariando o respeito e a simpatia da população, não apenas no Congresso, mas também fora dele, nas ruas."

Na avaliação do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), que integrou a chapa presidencial de Aécio Neves como vice, o nome do senador mineiro é a tendência natural de aposta da legenda para o próximo pleito. Em entrevista exclusiva ao Broadcast Político,, no final de dezembro do ano passado, Aloysio disse que Aécio é aquele que pode fazer a travessia do deserto e chegar como o nome forte do PSDB em 2018. Para ele, nem Serra nem Alckmin resistiram a essa "travessia".

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Aécio Neves recebeu 51 milhões de votos nas eleições do ano passado (Foto: Orlando Brito)

No páreo

Mesmo com a posição adotada pela maioria das lideranças tucanas, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, já deu mostras de que não está fora do páreo com Aécio. Neste final de ano, enquanto o senador mineiro esteve ausente do cenário político, a não ser pela postagem de um vídeo em sua página oficial no Facebook em que pedia 'não vamos nos dispersar', Alckmin aproveitou para marcar posição no discurso de posse de seu segundo mandato consecutivo. Aécio, que é presidente nacional do PSDB, passou o fim de ano com a família e amigos em sua fazenda em Minas Gerais, no município de Cláudio.

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Ao mesmo tempo em que acenou com a governabilidade, dizendo que São Paulo nunca vai virar as costas para o Brasil, dando a dimensão da importância econômica e política do Estado e relembrando trecho do discurso de seu mentor e padrinho político Mário Covas, Alckmin teceu duras críticas à gestão de Dilma Rousseff, assumindo também seu papel de opositor. Segundo ele, hoje a população vive em um País injusto. "Todos nós conhecemos os duros prognósticos para a economia nos próximos anos. O País poderá viver dias difíceis. Mas o discurso fácil do pessimismo só é mais fácil que o discurso do otimismo irresponsável que já nos custou muito caro", disse o tucano, conclamando todos, governo e oposição, a recuperar a economia e aprovar as reformas necessárias para que 2015 não seja mais um ano perdido.

Desafios

Além da disputa pela cabeça de chapa, que deve ganhar mais fôlego quanto mais se aproximar a eleição, e da campanha de filiação partidária, os tucanos têm desafios pela frente. Na avaliação de Aloysio Nunes Ferreira, o partido ainda não conseguiu dar uma resposta efetiva 'ao carimbo' de que o PSDB é uma sigla de ricos, da elite e que, se voltar ao poder, poderá tirar benefícios sociais, como o Bolsa Família. "(Neste pleito) não acordamos a tempo para isso, então é um fato que temos de enfrentar e superar", reconheceu.

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O senador paulista defende também que a sigla assuma claramente suas posições, como a defesa da livre iniciativa e das regras do mercado na economia. "O PSDB é um partido social liberal, na verdade. A social democracia, se você imaginar a origem desse termo, é algo muito próximo de uma realidade política europeia. Agora, somos liberais na economia, claro que com a presença reguladora do Estado, e social no sentido da democracia e participação da busca da igualdade. A ideologia do PSDB é uma ideologia democrática."

Tanto a direção do partido quanto seus correligionários apostam que, depois das eleições gerais de 2014, o PSDB amadureceu e conseguiu equacionar suas fissuras internas. "Não temos mais problema de divisão interna", reiterou Aloysio. Contudo, ele aponta outro desafio para a sigla: "O PSDB tem um problema de outra natureza, natureza de formulação política. É preciso afinar esse ideário que foi um ponto de convergência entre a candidatura do Aécio e o movimento da opinião pública e traduzir isso em propostas políticas elaboradas, otimizando a utilização das mídias sociais."

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