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Ultrapassado por Marina Silva (PSB) nas últimas pesquisas de intenção de voto, o tucano Aécio Neves convive com uma grande desvantagem em São Paulo, maior colégio eleitoral do País e Estado governado por seu partido há vinte anos. A última pesquisa Ibope, que consolidou Marina no segundo lugar no País, mostrou que, em São Paulo, Aécio não lidera a disputa sequer entre os eleitores de seu correligionário Geraldo Alckmin, que tem 50% das intenções de voto para o governo estadual.
Entre os eleitores de Alckmin, é Marina Silva a mais bem colocada, com 37% das intenções - mesmo que ela tenha se negado a seguir a aliança firmada por seu partido para apoiar o tucano. No mesmo universo, Aécio tem 28% e Dilma, 26%, um empate técnico. "Tenho muita confiança de que vamos ter um ótimo resultado em São Paulo, quanto mais as pessoas conhecerem as nossas propostas, mais próximos da vitória nós estaremos. É o tempo de dizer o que nós representamos", disse Aécio ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, após a divulgação da pesquisa.
Na pesquisa estadual, e considerando não apenas os eleitores de Alckmin, o desempenho de Aécio é ainda pior. O senador, primeiro candidato não paulista a se candidatar à Presidência pelo partido, aparece em terceiro lugar, com 19%, atrás de Dilma Rousseff, que tem 23%, e de Marina, com 35%. "A grande maioria do eleitorado não vota no partido e sim nos candidatos. Portanto o fato de o PSDB estar há tanto tempo governando SP não é garantia de que Aécio terá o mesmo desempenho do governador Geraldo Alckmin", afirma Márcia Cavallari, diretora do Ibope Inteligência.
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Apesar da confiança demonstrada pelo tucano de que o tempo o ajudará no Estado berço de seu partido, Aécio perdeu espaço depois da entrada de Marina na disputa. Em pesquisa feita no final de julho, ele tinha 25% dos votos, seis pontos porcentuais a mais do que na de agosto. O presidente estadual do PSDB atribui a queda a uma instabilidade criada pela morte de Eduardo Campos e a entrada de Marina. "A Marina Silva ficou duas semanas na mídia em exposição permanente e se apresentou agora como substituta do Eduardo. Até decantar esse processo de comoção e expectativa, existem variáveis que distorceram temporariamente o quadro da campanha", justifica o presidente do PSDB-SP, Duarte Nogueira.
O engajamento do PSDB paulista na campanha do mineiro Aécio Neves esteve em dúvida em várias oportunidades durante o processo de escolha do candidato tucano. Desde o início da campanha, Aécio tem vindo a São Paulo com frequência. O comitê central fica na capital e a escolha de um vice paulista foi vista como uma tentativa de aproximação com o maior colégio eleitoral do País, onde os candidatos à Presidência do PSDB têm historicamente um bom desempenho. "Ele não é de São Paulo, depende que os tucanos do Estado o alavanquem. E gente não percebe uma adesão inquestionável do PSDB à campanha nele", analisa o cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas Marco Antônio Carvalho Teixeira.
O clima entre as campanhas de Alckmin e Aécio piorou depois que o governador exibiu em seu programa eleitoral um depoimento de Beto Albuquerque, vice na chapa de Marina. O PSB apoia Alckmin e disputa a Presidência com Aécio. A despeito do princípio de crise, Duarte Nogueira garante que não há falta de empenho. "Como as coligações não são fechadas, essas coisas acontecem, essa é a regra atual do jogo. É natural que se tenha uma opinião aqui ou acolá contestando um gesto. Mas ninguém tem a menor dúvida de que estamos extremamente juntos e unidos. O candidato do Geraldo e de todos nós é o Aécio Neves", afirmou, negando que o fato de Aécio ser mineiro o atrapalhe na disputa.
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