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Em mais uma etapa no processo de isolamento do ex-governador tucano José Serra, os 27 dirigentes estaduais do PSDB consagraram a candidatura à Presidência da República do senador Aécio Neves, presidente nacional da legenda, durante reunião realizada nesta terça em Brasília. Com isso, sepultaram a possibilidade de realização de prévias para a escolha do candidato.
"Nada de prévias. Não se falou disso em nenhum instante durante a reunião", afirmou o senador Cássio Cunha Lima (PB), um dos vice-presidentes nacionais do PSDB. As prévias têm sido defendidas por tucanos ligados a Serra.
Em resposta ao apoio recebido, Aécio Neves conclamou o PSDB a ir para as ruas debater um plano alternativo para tirar o PT do poder. Mas anunciou estar convencido de que a luta será pesada. "Estou com o couro duro preparado para a pancadaria", afirmou o senador mineiro aos dirigentes tucanos.
Mais tarde, durante entrevista, ele afirmou que, com a advertência, quis preparar o PSDB para o confronto com o PT. "Eu acho que uma campanha eleitoral, já percebemos isso claramente nas redes sociais, é uma campanha muito dura, sobretudo - eu nem generalizo - quando se enfrentam alguns setores ligados ao PT."
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Aécio chegou ao local do encontro - a sede nacional do PSDB - cerca de duas horas depois do início da reunião. Ouviu de cada um dos presidentes estaduais do partido um relato de como está a situação em cada um dos Estados. A conclusão geral foi que o momento vivido hoje é melhor do que o de dois ou três meses atrás. Mas todos admitiram, ainda, que é preciso fazer muita coisa.
Nos Estados
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"Não é fácil construir alianças, estando na oposição. Precisamos da influência dos senadores para que elas sejam garantidas nos Estados. Ainda não temos nenhuma coligação garantida em Pernambuco, por exemplo", advertiu o deputado Sérgio Guerra (PE), ex-presidente do partido.
Pela avaliação dos dirigentes tucanos, o PSDB tem possibilidades concretas de lançar candidatos a governador em pelo menos 12 Estados, além de outros cinco - São Paulo, Goiás, Paraná, Tocantins e Pará - onde concorre à reeleição.
Na avaliação dessas lideranças, o partido concorre com alguma chance de vitória em Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Roraima, Sergipe, Piauí, Minas Gerais e Amazonas.
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Dois outros Estados, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, são considerados mais problemáticos - neles o partido tende mais a apoiar nomes de outras legendas que possam eventualmente estar do lado de Aécio na disputa presidencial.
Contra Serra
A recente movimentação política do ex-governador paulista - tanto dentro quanto fora do PSDB - para se viabilizar como candidato à Presidência em 2014 foi alvo de críticas de vários dirigentes tucanos. A maioria dos presidentes estaduais se definiu contra a realização de prévias para definir o tucano que disputará as eleições presidenciais do ano que vem.
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"Não podemos cometer o erro cometido em eleições anteriores, de ficar na dúvida. Temos que definir antecipadamente nosso candidato para que ele possa correr o Brasil", completou Valdir Rossoni, dirigente do partido e também presidente da Assembleia Legislativa do Paraná.
Aécio tem mantido conversas com José Serra, defendendo a conveniência de que ele permaneça no PSDB. Ainda assim, no encontro desta terça ele aproveitou para, sem citar nomes, mandar recado ao ex-governador: "Ninguém solitariamente pode achar que vai ter a dimensão desse projeto. O partido é coletivo".
Em visita a Salvador, Serra defendeu sua movimentação avisando que Aécio "nunca se colocou oficialmente" como presidenciável do partido. Afirmou ainda que o senador mineiro tem "bastante apoio" no partido mas que esse ainda não é um "assunto cravado" dentro do partido.
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O ex-governador não se recusou a comentar, também, a possibilidade de mudar de legenda. "Não tive convites, mas há simpatias", admitiu. "Na hora que eu tiver um plano, eu anuncio".