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Integrantes do governo pediram a dirigentes do PT que evitem ataques diretos a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) nos atos de desagravo aos réus petistas no processo do mensalão. Embora a presidente Dilma Rousseff mantenha distância regulamentar do escândalo, há no Palácio do Planalto a preocupação com o que está por vir e não se recomenda a revanche política.
Em conversas reservadas, ministros do PT dizem que "o julgamento ainda não terminou" e lembram a possibilidade de recursos à sentença. Os advogados do ex-chefe da Casa Civil José Dirceu, do ex-presidente do PT José Genoino e do ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares já anunciaram que tentarão diminuir as penas impostas pelo tribunal.
Apesar da cautela do Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva incentivou as manifestações, antes de viajar para a África e a Índia. Lula disse a Dirceu e a Genoino que é hora de os movimentos sociais mostrarem apoio a eles e deu sinal verde para os debates públicos sobre o julgamento. Dirceu, por exemplo, já compareceu a reuniões a portas fechadas em Salvador e em Brasília e agora participará de encontros em São Paulo e no Rio.
Depois da plenária desta sexta-feira (23) em Osasco, organizada pelo deputado João Paulo Cunha (PT-SP) - ex-presidente da Câmara, condenado pelo STF por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro -, correntes da extrema esquerda petista promoverão no sábado (24), em São Paulo, o "Ato em Defesa do PT".
"Todos os réus do partido no julgamento do mensalão foram convidados, mas, até esta sexta, apenas Genoino havia confirmado presença. "Nós achamos que não há mártires nessa história e não estamos fazendo um desagravo. Mas não podemos aceitar o ataque ao PT, alvo dessa sentença que repudiamos", disse Markus Sokol, dirigente da tendência O Trabalho.
No panfleto de convocação para o ato de sábado, com apoio da Central Única dos Trabalhadores (CUT), os signatários afirmam que os direitos democráticos foram "agredidos" pelo STF num "julgamento de exceção". "Nós repudiamos o 'julgamento de exceção' que pretende preservar a regra, isto é, o sistema político-eleitoral marcado pela corrupção, pelo caixa dois e o tráfico de influência, instituição que, ademais, empurra a despropositadas coalizões na lógica do `balcão de negócios' do Congresso Nacional", diz o texto petista.
Na lista de críticas ao tribunal, os manifestantes também afirmam que o STF é "o mesmo (...) que utiliza a Lei da Anistia para proteger os crimes da ditadura militar". Embora o Planalto tenha recomendado cautela nesses atos, o deputado distrital Chico Vigilante (PT) contou que os amigos de Dirceu e de Genoino pretendem fazer barulho para demonstrar o "inconformismo" com a sentença do STF. "Nós não vamos ficar quietos", avisou.
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