Política
Os relatórios foram entregues à PwC, que audita as contas da petroleira, mas a medida não foi suficiente para convencer os auditores externos a aprovarem o balanço trimestral da companhia
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Após oito meses, a Petrobras concluiu na última semana três auditorias internas sobre as denúncias de corrupção que assolam a estatal desde o início do ano. Os relatórios foram entregues à PwC, que audita as contas da petroleira, mas a medida não foi suficiente para convencer os auditores externos a aprovarem o balanço trimestral da companhia, que seria divulgado nesta sexta-feira, 14.
Temendo ser responsabilizada por não ter se posicionado sobre as irregularidades, a PwC decidiu só aprovar os resultados após analisar todo o material elaborado pela auditoria interna da estatal.
Foram investigadas denúncias relacionadas à construção da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e também sobre a polêmica aquisição da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, em 2006, que causou prejuízos estimados de mais de US$ 1 bilhão.
Somente o resumo das investigações sobre Pasadena possui mais de 150 páginas. O volume completo possui mais de três mil páginas que detalha com atas de reuniões, cópias de e-mails, relação de telefonemas e outros documentos toda a concepção, aprovação e desdobramentos do projeto.
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Lava Jato
Todos os projetos investigados pelas auditorias foram gestados na diretoria de Abastecimento da estatal, comandada à época por Paulo Roberto Costa, preso em março durante a Operação Lava Jato da Polícia Federal. Após a delação premiada do ex-diretor, que denunciou o envolvimento de outros executivos da empresa e desvios também na subsidiária de logística, a Transpetro, a PwC cobrou atitudes da direção da Petrobras sob ameaças de não aprovar o resultado trimestral.
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O encontro foi em outubro e semanas depois, após o segundo turno das eleições, a Petrobras anunciou a contratação de dois escritórios de advocacia para aprofundar as auditorias e responder às investigações abertas também nos EUA. Na última semana, outra condição apontada pela auditoria foi cumprida pela estatal. O presidente da Transpetro, Sérgio Machado, se afastou do cargo. Segundo fontes, ele obstruía o trabalho de auditores.
A apresentação do resultado das auditorias internas da estatal era outra condição da PwC. Também os conselheiros de administração da estatal cobraram nos últimos meses relatórios parciais sobre o andamento das investigações, sem sucesso. Hoje, em reunião extraordinária do conselho, os relatórios serão apresentados.
Fontes próximas ao colegiado avaliam que a decisão do adiamento da apresentação de resultados, mesmo após o cumprimento de todas as exigências, é uma tentativa de blindar a PwC dos escândalos. “Ela audita as contas da Petrobras desde 2012 e nunca apontou nada, agora quer colocar condições?”, diz um conselheiro.
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O adiamento foi definido na tarde nesta quinta-feira, 13. Os integrantes do Conselho de Administração da companhia receberam um telefonema no final da tarde, avisando sobre a alteração da pauta prevista para a reunião desta sexta-feira.