Continua depois da publicidade
O rebaixamento da nota de crédito do Brasil cria um obstáculo a mais para o processo de recuperação da Petrobras, que já enfrenta os baixos preços do petróleo e os impactos da alta do dólar em seu elevado endividamento.
Para analistas do mercado financeiro, a Petrobras é a empresa mais prejudicada com o rebaixamento do rating da dívida soberana anunciado na quarta-feira (9) pela agência Standard & Poors.
Nesta quinta-feira (10), as ações da Petrobras abriram pressionadas nas bolsas, chegando a cair mais de 5% durante a manhã.
"A companhia deve enfrentar desafios para financiar seus investimentos, dada o volume de dívida necessária para os próximos anos", escreveram os analistas Luiz Carvalho e Filipe Gouveia, do HSBC, em relatório aos clientes.
Continua depois da publicidade
A Petrobras tem hoje uma dívida de cerca de US$ 140 bilhões que vem sendo pressionada pela desvalorização do real frente ao dólar. Do total de seus empréstimos, 73% estão atrelados à moeda norte-americana.
"Possíveis efeitos (do rebaixamento do Brasil) nas taxas de juros também podem ser negativos, especialmente para empresas altamente endividadas, como Petrobras e Braskem", comentam os analistas Frank McGann e Vicente Falanga Neto, do Bank of America Merril Lynch.
Continua depois da publicidade
"A Petrobras seria a empresa mais afetada negativamente pelo aumento no risco-País, uma vez que grande parte de seu valor de mercado hoje vem da expectativa de maiores ganhos nos próximos anos, com aumento do preço do petróleo e nos volumes de produção", completam os analistas.
No mercado, o rebaixamento da Petrobras pela Standard & Poors é dado como certo -a empresa está hoje a um degrau de perder o selo de boa pagadora conferido pela agência. Em fevereiro, perdeu a classificação de grau de investimento da Moody's.
"A Petrobras já era concorrente a perder o grau de investimento, por ter ultrapassado seus limites de endividamento, mas as agências preferiram esperar. Agora, com o rebaixamento do Brasil, deve sair alguma decisão com relação à empresa", diz o analista independente Flávio Conde, do site Whatscall.
Continua depois da publicidade
Ele lembra que a companhia já vem pagando, em suas captações este ano, taxas mais altas por conta das dúvidas com relação à sua situação financeira e das incertezas do país. "Quando for ao mercado novamente, em janeiro, certamente pagará mais caro ainda. A situação, que já era ruim, vai ficar pior".
Ao ser rebaixada por duas agências, a estatal perderia o acesso a recursos de investidores que só aplicam em empresas com grau de investimento, como fundos de pensão estrangeiros.
Continua depois da publicidade