Política
O governador de Pernambuco fechou semanas atrás um acordo político e abarcou no governo com cargos o PSDB local, uma das poucas legendas que ensaiavam questioná-lo na Assembleia Legislativa
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Provável candidato à Presidência aliado a um grupo político que promete uma "nova política", o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), chega a seus últimos meses de mandato - ele deve se desincompatibilizar do cargo em abril para concorrer ao Planalto - sem o menor sinal de oposição no Estado.
À frente de uma coligação que reúne mais de dez partidos, Campos fechou semanas atrás um acordo político e abarcou no governo com cargos o PSDB local, uma das poucas legendas que ensaiavam questioná-lo na Assembleia Legislativa.
Agora, além de não enfrentar ameaças de investigações parlamentares - nenhuma CPI foi aberta em seu segundo mandato -, o pré-candidato à sucessão da presidente Dilma Rousseff não deve enfrentar nem as folclóricas "blitze da oposição" promovidas pelos tucanos pernambucanos. Foram seis até agora. Na primeira, em fevereiro do ano passado, os deputados do PSDB visitaram as obras do presídio de Itaquitinga, que deveriam estar prontas em 2012. Escola, hospital e rodovia também foram fiscalizadas pelos solitários oposicionistas.
A adesão dos tucanos pernambucanos ao projeto do governador foi intermediada por líderes nacionais, como o senador e também pré-candidato ao Planalto, Aécio Neves. Também motivados por interesses e líderes nacionais, os petistas do Estado desembarcaram do governo, mas ainda não encontraram qualquer foco para questionar Campos.
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O partido de Dilma vai assumir a vaga na liderança da oposição na Assembleia a partir de fevereiro. Terá pela frente o "soldado" do governador. É assim que o atual presidente da Assembleia, Guilherme Uchoa (PDT), costuma se autointitular. O apoio costuma ser retribuído. Em 2011, Campos deu carta branca à aprovação de uma emenda constitucional que permitia a reeleição para os cargos da mesa diretora da Assembleia. Com isso, Uchoa vai completar o quarto mandato à frente do Legislativo pernambucano.
Os poucos parlamentares da oposição lamentam, nos bastidores, que ser contra um governo que trabalha com ampla aliança e costuma ser bem avaliado pela população não é tarefa fácil. Daniel Coelho, deputado estadual tucano que comandava a oposição até agora, conta que, no plenário, nunca conseguiu obter voto suficiente para derrubar um projeto governista. O problema, afirma, é sempre o mesmo: não há quórum.
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Comum
A cientista política e professora da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Marta Mendes da Rocha lembra que a dificuldade de se fazer oposição é um fenômeno comum nos Estados Para fugir do ostracismo, é preciso recorrer constantemente à imprensa e aos órgãos de controle.
Teresa Leitão, deputada estadual e presidente do PT pernambucano, diz que a sigla tentará ser coerente perante um governo do qual fez parte: "Não vamos fazer como Eduardo está fazendo com a Dilma. Parece que nada do que ela faz presta. É uma crítica sistemática e, a meu ver, injusta. Há muita coisa que é boa no governo federal, da qual o próprio PSB participou. Isso deve nos servir como um exemplo a não ser seguido".
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A função de líder da oposição, a partir de fevereiro caberá ao petista Sérgio Leite, que liderou a bancada oposicionista no período em que Jarbas Vasconcelos (PMDB) governava o Estado. Leite diz que o próximo passo será afinar a forma de atuação do grupo na Assembleia.