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O discurso do presidente do PSB santista, vereador Benedito Furtado, contra o critério de incorporações dos servidores (acréscimo de 20% nos vencimentos por ano), confronta com a prática de alguns filiados do partido, beneficiados justamente por essa fórmula adotada na Prefeitura. Esse conflito interno ficou evidente na recente recondução de um engenheiro a um cargo de coordenador na Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Santos.
Furtado questiona publicamente, há anos, o critério de incorporação de 20% dos vencimentos de um funcionário público que ocupa cargo em comissão, após um ano na função (sistema criado em Santos em 1995), defendendo como modelo a incorporação anual de 10% (como fazem várias prefeituras e estados).
O engenheiro filiado ao PSB entrou no quadro efetivo da Administração Municipal com outra função: guarda municipal. Questionada pelo Diário do Litoral, a Prefeitura respondeu que ele tem “qualificação profissional e acadêmica para a função”.
A distância entre o discurso do presidente do PSB e a prática de filiados da legenda, ocupando cargos em comissão, se dá porque os membros do PSB acabam sendo beneficiados por um sistema (de incorporação de salário) criticado e combatido por Furtado.
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No caso do engenheiro, por exemplo, caso ele fique um ano no cargo de coordenador, vai incorporar os 20% nos vencimentos. Um coordenador recebe R$ 6.510,00 brutos mensais, cerca de quatro vezes mais o valor dos vencimentos de um guarda municipal (R$ 1.465,35).
Uma e outra coisa
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Para o vereador, “uma coisa não tem nada a ver com a outra. Tem vários filiados do partido que têm incorporações. O discurso não se choca”, respondeu ele, ao ser indagado pela Reportagem.
Furtado separa suas críticas à atuação dos filiados. “Eu questiono a incorporação, não as pessoas que têm, eventualmente, alguma incorporação e que estão filiadas a um partido. Eu questiono o critério de incorporação. Quem vai para esses cargos, vai porque a lei lhes faculta. A lei é que está errada”.
O presidente do PSB reconhece que suas críticas ao critério de incorporação — defende incorporação de 10% do salário por ano, como fazem estados e municípios — não chega a ser bem vista por alguns colegas de legenda. “Eu recebo crítica de alguns companheiros meus, que são servidores, são do partido e têm incorporações. Não concordam comigo. Eu respeito a opinião deles e eles respeitam a minha”.
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