Política

'Não vejo que haja clima para o impeachment', diz Mourão após protestos do dia 7 de setembro

Com Bolsonaro em ato com ameaças golpistas, Mourão diz que não há clima para impeachment

Gazeta de S. Paulo

Publicado em 08/09/2021 às 13:15

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O general classificou como 'expressiva' a adesão da população aos protestos promovidos por Bolsonaro / Divulgação / Gazeta de S.Paulo

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O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) disse que não há clima no Congresso para aprovar o impeachment de Jair Bolsonaro (sem partido), um dia após participar de manifestação no feriado de 7 de Setembro.

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O general da reserva classificou como "expressiva" a adesão da população aos protestos promovidos por Bolsonaro.

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"Não vejo que haja clima para ao impeachment do presidente. Clima tanto na população, como um todo, como dentro do próprio Congresso", disse o vice.

As ameaças golpistas do presidente devem aumentar a reação ao governo no Congresso. O pós-7 de Setembro também teve como efeito colateral um aquecimento das discussões de impeachment nos partidos de centro.

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"Acho que o nosso governo tem a maioria confortável de mais de 200 deputados lá dentro. Não é maioria para aprovar grandes projetos, mas é capaz de impedir que algum processo prospere contra a pessoa do presidente da República", completou.

Mourão também cobrou medidas para diminuir a tensão na relação de Bolsonaro com o Judiciário. Para o vice, a saída é passar para a PGR (Procuradoria-Geral da República) a condução de inquéritos hoje relatados pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

"Houve uma concentração expressiva da população brasileira (nos atos). É uma mudança. As ruas sempre foram domínios dos segmentos de esquerda", disse Mourão.

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O vice não quis comentar o teor dos discursos de Bolsonaro nos protestos.

As manifestações

Em falas diante de milhares de apoiadores na terça-feira (7) em Brasília e São Paulo, Bolsonaro fez ameaças golpistas contra o STF, exortou desobediência a decisões da Justiça e disse que só sairá morto da Presidência da República.

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Moraes, do STF, foi o responsável por decisões recentes contra bolsonaristas que ameaçam as instituições. O ministro tem agido a partir de pedidos da PGR (Procuradoria-Geral da República), sob o comando de Augusto Aras, indicado por Bolsonaro, e da Polícia Federal, órgão subordinado ao presidente.

"A gente precisa distensionar (com o Judiciário). Acho que existem cabeças ali dentro que entendem que isso foi além do que era necessário. Conversando a gente se entende", disse Mourão.

O vice estimou 150 mil presentes no ato em Brasília, que ele acompanhou ao lado de Bolsonaro. Para o general da reserva, um público "ao redor desse número" também esteve nas manifestações feitas no Rio de Janeiro e em São Paulo.

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"Na minha visão existe um tensionamento, principalmente entre o Judiciário e o Executivo. Eu tenho a ideia muito clara que o inquérito que é conduzido pelo Moraes não está correto. O juiz não pode conduzir o inquérito. Acho que tudo se resolveria se o inquérito passasse para mão da PGR e acabou", disse Mourão.
As declarações foram feitas antes de o vice embarcar com embaixadores para a Amazônia.

A atual crise institucional, patrocinada por Bolsonaro, teve início quando o presidente disse que as eleições de 2022 somente seriam realizadas com a implementação do sistema do voto impresso –essa proposta já ter sido derrubada pelo Congresso.

O STF analisa atualmente cinco inquéritos que miram o presidente Jair Bolsonaro, seus filhos ou apoiadores na área criminal. Já no TSE tramitam outras duas apurações que envolvem o chefe do Executivo.

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Apesar de a maioria estar em curso há mais de um ano, essas investigações foram impulsionadas nas últimas semanas após a escalada nos ataques golpistas do chefe do Executivo a ministros das duas cortes e a uma série de acusações sem provas de fraude nas eleições.

Anunciado por Bolsonaro nos últimos dois meses como uma espécie de tudo ou nada para ele, as manifestações do 7 de Setembro podem ampliar o seu isolamento político, no momento em que, de olho em 2022, depende do STF e do Congresso para a liberação de recursos e aprovação de projetos.

Ao mesmo tempo em que perde capital político com a crise entre os Poderes, intensificada por seus ataques ao Judiciário, a alta da inflação e a crise energética se colocam como novos obstáculos para o projeto de sua reeleição no ano que vem.

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Bolsonaro usou toda a estrutura da Presidência para os atos com ameaças golpistas, tanto no deslocamento entre São Paulo e Brasília como em sobrevoos em helicópteros na Esplanada e na Paulista.

Segundo a Polícia Militar de São Paulo, 125 mil pessoas participaram do ato na avenida Paulista, que recebeu caravanas de bolsonaristas vindos de outros estados –os organizadores esperavam 2 milhões de pessoas no ato de SP. Todas as 27 capitais registraram manifestações em defesa do governo.

Como o próprio Bolsonaro já disse, ele buscava nesses protestos uma foto ao lado de milhares de apoiadores para ganhar fôlego em meio a uma crise institucional provocada pelo próprio, além das crises sanitária, econômica e social no país.

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