POLÍTICA
O petista enfrentou desgastes nos últimos meses com algumas declarações, principalmente após sugerir, sem provas, "armação" de Moro em uma operação da Polícia Federal sobre um plano da facção criminosa PCC contra autoridades
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) / Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quinta-feira (6) ser orientado a não falar dos seus adversários políticos Jair Bolsonaro (PL) e Sergio Moro (União Brasil-PR), mas do que pretende fazer no seu governo.
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O petista enfrentou desgastes nos últimos meses com algumas declarações, principalmente após sugerir, sem provas, "armação" de Moro em uma operação da Polícia Federal sobre um plano da facção criminosa PCC contra autoridades.
"[Paulo] Pimenta [ministro da Secom] tem me orientado todo dia a não falar nesses nomes que você falou [Moro e Bolsonaro]. Por isso que nem citei os nomes. Eu não tenho que falar nem da coisa nem do coiso", disse, ao ser questionado sobre os dois. "Vou começar a falar das coisas que nós vamos fazer daqui para frente", completou.
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A declaração do mandatário foi feita durante café da manhã com jornalistas na manhã desta quinta-feira, no Palácio do Planalto.
Aliados se queixam de que, quando Lula menciona os adversários, acaba promovendo-os politicamente, a exemplo do que ocorreu recentemente no caso de Moro.
"Eu não vou falar porque acho que é mais uma armação do Moro. Quero ser cauteloso, vou descobrir o que aconteceu. É visível que é uma armação do Moro", disse o presidente na ocasião.
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Na véspera, integrantes do próprio governo petista haviam exaltado a operação feita pela PF, que é ligada ao Ministério da Justiça.
A ilação feita por Lula acirrou a disputa com opositores e levou Moro a reagir cobrando "decência" do presidente. A juíza Gabriela Hardt, responsável por assinar os mandados de prisão, tirou o sigilo do processo logo após a fala do presidente, levando à divulgação de mais detalhes da investigação policial.
Nesta quinta, foram convidados para o café com Lula jornalistas de Folha, GloboNews, Valor Econômico, Jota, O Globo, UOL, Amazônia Real, TV Globo, Rádio Itatiaia, Poder 360, ICL Notícias, Metrópoles, Rede TV!, DCM, Fórum, O Tempo, Plataforma Brasília, Revista Piauí, Congresso em Foco, Zero Hora, Meio, Rádio Jornal, CBN, Agência Pública, Carta Capital, Nexo, CNN Brasil, SBT, Correio Braziliense, O Estado de S. Paulo, EBC, Band, TV Record e O Cafezinho.
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Profissionais de GloboNews, Revista Fórum, O Globo/CBN, Correio Braziliense, UOL, Metrópoles, CNN, Piauí, Estadão, Jota, Nexo, TV Record fizeram perguntas ao presidente durante o encontro, por escolha da assessoria.
A Folha não foi escolhida, mas fez uma pergunta ao final do encontro para tentar esclarecer a declaração de Lula sobre a meta de inflação.
A estratégia do petista de também evitar declarações sobre Bolsonaro ocorre após uma temporada de 89 dias do ex-presidente nos Estados Unidos.
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Bolsonaro retornou ao Brasil há uma semana, para tentar liderar a oposição ao governo Lula, ao mesmo tempo em que precisará se defender em investigações que vão do caso das joias da Arábia Saudita aos ataques de 8 de janeiro. Ele é alvo de outros inquéritos no STF e no TSE, podendo inclusive correr o risco de ficar inelegível.
Uma dessas ações já chegou à sua fase final. O corregedor-geral eleitoral, Benedito Gonçalves, concluiu a fase de coleta de provas no processo que trata do encontro promovido por Bolsonaro no Palácio do
Alvorada com embaixadores, em julho do ano passado, quando o então presidente fez ataques sem provas ao sistema eleitoral.
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Na última sexta-feira (31), o ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) determinou a intimação das partes para que apresentem seus últimos argumentos (alegações finais) nos autos da Aije (ação de investigação eleitoral).
A ação apura a suposta prática de abuso de poder político e de uso indevido dos meios de comunicação na realização do encontro com dezenas de representantes estrangeiros.
Naquele encontro, Bolsonaro repetiu teorias conspiratórias sobre as urnas eletrônicas, promoveu novas ameaças golpistas e atacou ministros dos tribunais superiores.
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Entre os documentos juntados ao processo está a minuta do golpe, proposta de decreto para a instauração de um estado de Defesa no TSE.
O papel foi recolhido na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, alvo de inquérito no STF sobre os ataques golpistas de 8 de janeiro. Torres, que está preso, prestou depoimentos nos autos da ação de investigação eleitoral.
O aliado de Bolsonaro disse desconhecer a autoria da minuta golpista e reafirmou o que falou em depoimento à PF em fevereiro que o papel era descartável e "sem viabilidade jurídica". "Essa pseudo-minuta, para mim, era um lixo", disse Torres.
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