Política

'Munição' de Dilma derruba o dólar

A moeda americana fechou a R$ 2,346, com baixa de 1,05%, e com influência também de mais um leilão diário da moeda feito pelo Banco Central

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 28/08/2013 às 20:55

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Uma frase da presidente Dilma Rousseff, de que o Brasil tem "bala na agulha" para encarar as variações do dólar, ajudou na queda da cotação da moeda norte-americana nesta quarta-feira (28). O dólar fechou a R$ 2,346, com baixa de 1,05%, e com influência também de mais um leilão diário da moeda feito pelo Banco Central.

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Em entrevista a rádios de Belo Horizonte, a presidente afirmou que o Brasil não tem uma meta para o dólar, e que as ofertas públicas da moeda norte-americana têm o objetivo de "atenuar" flutuações bruscas do câmbio para que não se crie "qualquer processo de pânico".

Ela atribuiu a atual volatilidade do dólar a mudanças na postura do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos), mas disse que o Brasil tem reservas suficientes "para encarar esses processos".

"Nossa política é de dólar flexível. Não temos um dólar-alvo. Deixamos o dólar flutuar. Entramos no mercado para atenuar essas flutuações, para não deixar que aquelas perdas abruptas criem qualquer processo de pânico", disse. A presidente ainda declarou que é preciso "desconfiar" de quem tentar estabelecer uma meta para o câmbio porque, segundo ela, "ninguém tem condição de ter isso".

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Na semana passada, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, afirmou que o dólar estava "ótimo" e "chegando a um ponto que precisa" para a indústria nacional ser competitiva. Desde então, o BC fez uma série de leilões para segurar a cotação do dólar.

Dilma Rousseff afirmou que o Brasil não tem uma meta para o dólar (Foto: Divulgação)

Mas, segundo a presidente, o fenômeno não afeta apenas o Brasil, mas "todos os países emergentes e também alguns desenvolvidos". "Não tem nada a ver com a economia brasileira."

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Dilma salientou ainda que a perspectiva de o governo norte-americano reduzir a compra mensal de títulos, um volume que chega hoje a US$ 85 bilhões, provocou uma "violenta desvalorização cambial" em todo o mundo. "Isso não impacta a economia brasileira como impacta outras economias. É óbvio que algum impacto tem, mas não da mesma forma", declarou.

Consciente de que falava para um público pouco acostumado a termos econômicos, Dilma usou o tradicional "dinheiro no colchão" para tentar explicar a situação do País diante da questão. "É como se a gente tivesse um colchão, aquela história de guardar dinheiro no colchão. O Brasil não guarda no colchão, mas tem US$ 372 bilhões de reserva."

Futuro

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Para o mercado, os comentários foram uma indicação clara de que, se for preciso, o Banco Central pode usar os recursos das reservas internacionais para atuar no mercado. "Depois da fala da Dilma, o dólar passou a ter tendência de queda", comentou Luiz Carlos Baldan, diretor da Fourtrade.

O movimento de queda foi favorecido também pela "ração diária" de leilões do BC, que vendeu 10 mil contratos de swap (operação equivalente à venda de dólares no mercado futuro), em um total de US$ 498,2 milhões.

"Os leilões estão surtindo efeito. Com eles, o BC tem conseguido conter a alta do dólar e até derrubar um pouco a moeda", acrescentou Baldan. Desde quinta-feira, 22, quando começaram os leilões, a moeda norte-americana no balcão caiu 3,77%.

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