Política
Andrea Haas abriu sua rápida intervenção dizendo ser terrível pensar que seu marido possa ser extraditado e tenha que cumprir pena em uma penitenciária brasileira
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Andrea Haas, mulher de Henrique Pizzolato, condenado no processo do mensalão, participou nesta terça-feira, 16, de uma coletiva de imprensa organizada por parlamentares italianos da Comissão de Direitos Humanos do Senado para discutir o caso da extradição para o Brasil do ex-diretor do Banco do Brasil.
"A gente acreditava na justiça italiana, mas estamos lutando contra o poder e interesses econômicos e políticos de dois países que estão prontos a sacrificarem, com uma assinatura, o direito e vida de uma pessoa", disse.
Andrea abriu sua rápida intervenção dizendo ser terrível pensar que Pizzolato possa ser extraditado e tenha que cumprir pena em uma penitenciária brasileira. Para ela, Pizzolato não teve um processo justo no Brasil, o que houve foi um processo político-midiático.
"Henrique não era um político ou um ministro, mas pagou mais do que os outros, foi usado como bode expiatório para encobrir poderosos", diz.
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A extradição de Pizzolato, decidida pelo governo italiano, foi suspensa pela segunda vez na última sexta-feira,12, quando o Ministério da Justiça decidiu esperar até que o Conselho de Estado analise o recurso apresentado pela defesa do ex-diretor do Banco do Brasil.
Nessa segunda, 15, em uma audiência preliminar de urgência, o presidente da 4ª sessão penal Riccardo Virgilio ouviu as partes do processo e acolheu o recurso, marcando para o dia 23 deste mês a audiência que deve julgar o caso.
Segundo os senadores, não são suficientes as garantias apresentadas pelo governo brasileiro de que Pizzolato terá seus direitos respeitados e não correrá risco de vida na penitenciária da Papuda, em Brasília, para onde seria transferido.
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Para o senador Luigi Manconi, presidente da Comissão de Direitos Humanos, a ala de vulneráveis apresentada pelo governo não é definitiva. "O governo brasileiro deve ser claro sobre o que pretende fazer com Pizzolato. Ele irá a uma ala de vulneráveis onde não terá contato com presos comuns enquanto estiver no regime fechado, mas onde o colocarão quando passar ao regime semiaberto? Como podem garantir que não correrá perigo? Isso não foi esclarecido pelo governo brasileiro", disse.
O senador ainda lembrou que o ministro concedeu a extradição para cumprir obrigações de acordos de cooperação internacional com o Brasil, sem levar em conta a questão da reciprocidade - o Brasil não extradita cidadãos brasileiros.
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"É suficiente ler os relatórios da Anistia Internacional e da (ONG) Human Rights Watch para ter certeza das condições desumanas das prisões brasileiras. Apesar disso, o Ministério da Justiça concedeu a extradição", criticou. "Por que mandar Pizzolato a um sistema que não garante o respeito dos direitos humanos e por que interromper um programa de ressocialização que ele já está seguindo em Modena quando existem modos para fazer com que ele cumpra sua pena de prisão na Itália?"
Não é a primeira vez que o caso de Pizzolato é tratado no Senado italiano unindo políticos de partidos de esquerda e de direita. Um grupo de 21 senadores do partido democrático já havia escrito uma carta ao ministro Andrea Orlando pedindo que ele não concedesse a extradição do ex-diretor do BB. Em maio, após a decisão favorável de Orlando, também entrou em campo o senador Carlo Giovanardi, do partido Nuovo Centro Destra.
Processo
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Pizzolato fugiu do Brasil quando foi condenado a 12 anos e sete meses de prisão no caso do mensalão. Mas acabou sendo preso em Maranello, norte da Itália em fevereiro de 2014. O processo de extradição já dura 18 meses.