Política
Segundo José Eduardo Cardozo, os depoimentos de executivos da empresa Toyo Setal não provam que a campanha de Dilma Rousseff à Presidência, em 2010, foi alimentada com dinheiro ilegal
Continua depois da publicidade
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, voltou a adotar ontem (5) discurso cauteloso sobre o suposto envolvimento do PT no recebimento de propina no esquema investigado pela Operação Lava Jato. Segundo ele, os depoimentos de executivos da empresa Toyo Setal não provam que a campanha de Dilma Rousseff à Presidência, em 2010, foi alimentada com dinheiro ilegal.
“Não está claro que [a propina paga por empresas] teria sido destinada à campanha da Dilma em 2010 ou para o governador A, B, C, D ou Y. Ou seja, de onde se tira isso? Não se pode fazer especulações políticas como investigações”, salientou Cardozo.
O ministro defendeu as investigações e o trabalho da Polícia Federal (PF) e da Justiça, que “irá julgar, amanhã ou depois, se algum partido estiver envolvido”. Ele revelou que vê com ressalva os conteúdos das delações premiadas, que classificou como importantes, mas não irrefutáveis. “Delações premiadas não são necessariamente provas irrefutáveis. São importantes, porque servem como pauta de investigação. Podem se confirmar ou não”.
Continua depois da publicidade
Na quarta-feira (3), a Justiça Federal liberou o conteúdo das delações premiadas de Júlio Camargo e Augusto Mendonça Neto, executivos da empresa Toyo Setal. Eles detalharam ao Ministério Público Federal (MPF) o funcionamento do esquema e informaram o pagamento de R$ 154 milhões em propinas a pessoas apontadas como operadores do PT e PMDB na Petrobras.
À Justiça, os executivos da Toyo Setal disseram que o dinheiro da propina serviu para formação de cartel, que envolvia as principais empreiteiras do país na realização de obras em seis projetos da Petrobras. Parte do dinheiro seria repassado a partidos políticos.