Eleições 2022
O encontro serviu para discutir a formação de uma federação entre os partidos que, se consolidada, significa que as siglas se unirão e deverão agir em conjunto por quatro anos em âmbito nacional, estadual e municipal
Os partidos não definiram quais seriam os critérios para retirada das candidaturas / Reprodução Redes Sociais/ Montagem DL
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Os presidentes de MDB, União Brasil e PSDB reuniram-se nesta terça-feira (15) em Brasília e admitiram retirar nomes colocados na disputa pela Presidência para construir uma candidatura única.
O MDB tem a pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS) e o PSDB, do governador João Doria (PSDB-SP). A União Brasil ainda não lançou nenhum nome na disputa.
O encontro desta terça serviu para discutir a formação de uma federação entre os partidos que, se consolidada, significa que as siglas se unirão e deverão agir em conjunto por quatro anos em âmbito nacional, estadual e municipal.
O instrumento facilita a eleição de deputados pelas legendas e aumenta as chances de elas formarem bancadas maiores. Mesmo que a união formal não seja concretizada, porém, os dirigentes afirmam querer uma aliança em nome de um único nome para disputar a eleição.
"As três candidaturas estão postas aqui submetidas à autoridade desse conjunto de forças políticas", afirmou o presidente do PSDB, Bruno Araújo.
"As candidaturas são legítimas, mas a partir desse momento, quando todos nós trabalhamos pela convergência de uma candidatura única, elas estão submetidas à autoridade de um consenso construído pelas forças políticas", continuou.
Araújo afirmou que estava "devidamente autorizado" por Doria a submeter a candidatura do tucano à vontade da eventual federação.
"Demos um passo de maturidade relevante. [Existe] Uma clara disposição dessas forças políticas de construir um projeto para que possamos apresentar uma candidatura que torne viável ao conjunto dessas forças furar o cerco da polarização que não faz bem ao país", disse Bruno Araújo.
O presidente da União Brasil, Luciano Bivar (PE), afirmou que a reunião serviu para "solidificar as confluências" entre os três partidos, que são maiores que as dificuldades de acordo com o dirigente partidário.
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As declarações foram endossadas pelo presidente do MDB, Baleia Rossi. "Nossa ideia é dialogar para buscar no futuro uma união desse centro democrático para dar ao povo brasileiro uma alternativa aos extremos, para essa briga que faz com que o país não de mais oportunidades para população", disse o emedebista.
Os partidos não definiram quais seriam os critérios para retirada das candidaturas. Segundo os dirigentes, até a primeira quinzena de março será possível avaliar se será possível que os partidos façam a federação. O Cidadania também conversa com o PSDB a respeito de uma união.
"A perspectiva é chegar um entendimento de federação, mas tem a possibilidade de entender que vamos chegar as convenções com a possibilidade de uma candidatura única", disse o presidente do PSDB.
A ideia é se unir em torno de um nome para torná-lo mais competitivo contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Tanto Tebet como Doria, no entanto, ainda patinam nas pesquisas.
A emedebista tem 1% da intenção de votos, segundo pesquisa Datafolha divulgada em dezembro. Já Doria aparecia com 4%.
Embora os três partidos tenham se reunido nesta terça, por ora, as negociações entre MDB e União Brasil estão mais avançadas. Dirigentes de ambas as siglas dizem reservadamente que as duas têm mais convergências do que divergências em palanques estaduais. Os que existem, dizem, seriam solucionáveis.
A negociação entre as duas legendas também é estimulada pela ala da União Brasil que não quer apoiar a candidatura presidencial de Sergio Moro (Podemos) e serve para afastar a sigla do ex-juiz.
Em outra frente, a possibilidade de federação entre MDB e PSDB tem como principal entrave a candidatura de Doria, na avaliação de líderes emedebistas. O partido tem alas favoráveis a Tebet e outras, ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não admitiriam apoiar Doria.
Por isso, a senadora busca avançar em território tucano e atrair o partido para uma futura chapa e envia sinais de proximidade política e ideológica com o PSDB.
Paralelamente, tucanos aliados do governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB) e críticos à candidatura de Doria defendem que o governador paulista desista da corrida presidencial e abra mão para outro nome da terceira via. Eles não descartam que Leite possa ser esse candidato.
Para isso, contam com a pressão dos aliados MDB e União Brasil. A avaliação é a de que se os partidos criarem um movimento contrário a Doria e até de apoio a Leite, seria difícil para o PSDB segurar a candidatura do paulista.
Os aliados de Leite afirmam ainda que as prévias deram lugar a Doria na mesa de negociação, mas que não necessariamente significam que o PSDB deva ter candidato. Tebet, dizem, pode ser mais palatável para os acordos estaduais em torno da federação.
Durante a campanha de prévias, Doria afirmou que sentaria com os demais partidos para negociar e que poderia abrir mão da sua candidatura, algo de que a maior parte do tucanato duvida.
Além de MDB e União Brasil, o PSDB já aprovou o avanço de uma federação com o Cidadania –aliança que Doria conta como certa, mas que ainda não está consolidada.
A expectativa do governador era a de que o Cidadania aprovasse a federação com o PSDB em reunião do diretório nacional na noite desta terça (15).
Diante do prazo maior concedido pelo STF (Supremo Tribunal Federal) para as federações, no entanto, a tendência é de que o partido adie essa decisão e avalie também outras opções de alianças.