Política

Manifestações não devem influenciar resultado das eleições, dizem especialistas

O assunto foi debatido hoje (25) no seminário Eleições 2014: Panoramas Político e Eleitoral, realizado no Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas

Publicado em 26/07/2014 às 12:49

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Apesar do grande envolvimento popular nas manifestações do ano passado, que levaram milhões de pessoas às ruas em todo o país, os protestos não devem influenciar no resultado das eleições deste ano, segundo especialistas. O assunto foi debatido hoje (25) no seminário Eleições 2014: Panoramas Político e Eleitoral, realizado no Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV).

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O professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Iesp-Uerj) Fabiano Santos vê com ceticismo a influência das manifestações no processo eleitoral e político. Na avaliação dele, faltou consistência nas questões levadas às ruas e havia muitas opiniões contraditórias no mesmo protesto.

“A minha impressão é que, daquela circunstância e daquela conjuntura de decisão política e expressão de preferências, não se teria nada mais de consistente com sinalização para decisões da elite política e do governo”, avaliou.

Outro aspecto apontado por Santos é o caráter antidemocrático e violento que algumas manifestações tomaram. “O que acabou permanecendo como legado da mobilização social foi o aspecto da violência. Definitivamente, as pessoas mobilizadas e interessadas em manter a pressão aderiram a um estilo de manifestação de intervenção política antidemocrático e isso acabou alienando boa parte das pessoas que estreavam na política ou retomavam o seu ânimo para a participação”.

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Os protestos não devem influenciar no resultado das eleições deste ano (Foto: Divulgação)

Também sem apontar influência nas urnas, o professor do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da FGV Márcio Grijó Vilarouca apresentou uma pesquisa feita com participantes da manifestação de 20 de junho de 2013 na Avenida Presidente Vargas, a maior ocorrida no Rio, com 300 mil pessoas. De acordo com ele, o público era muito heterogêneo quanto às preferências políticas e classes sociais e tinha, em média, entre 18 e 29 anos. Metade dos entrevistados não tinha nenhuma participação política anterior e todos tinham percepção de melhora quanto às condições gerais do país.

“Eles relatam como experiência negativa vivenciada temas como mobilidade urbana, direitos LGBT [Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transsexuais e Transgêneros], meio ambiente, acesso a serviços públicos e corrupção dos costumes, que seria uma desonestidade generalizada da sociedade como um todo. Em geral, as pessoas faziam uma avaliação positiva da situação econômica e social do país e em seguida faziam algum adendo racional de um processo inconcluso, como 'o país cresce, mas não se desenvolve'”, relatou.

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Quanto aos motivos para participar da manifestação, as respostas apontavam os convites pelas redes sociais e de amigos, além da curiosidade, para só depois colocarem questões concretas. Vilarouca afirma também que a constatação geral dos entrevistados é que não existe investimento em educação política no país.

Por outro lado, o professor Jairo Nicolau, do Departamento de Ciências Políticas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) destacou que as pesquisas eleitorais têm apontado um número muito maior de votos brancos e nulos.

“Nas eleições passadas, brancos e nulos estavam em 6% quando começou o horário eleitoral. A última pesquisa Ibope mostra que 18% dos eleitores têm intenção de votar branco ou nulo. Há, de fato, aí uma novidade. Talvez isso reflita um ambiente mais geral de descrença na política e claro que foi agravado com os eventos e os desdobramentos de junho do ano passado”, ponderou.

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No entanto,  Nicolau ressalta que o fato pode ser explicado também pelo alto nível de desconhecimento, por parte do eleitorado, dos candidatos apresentados.

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