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A presidente Dilma Rousseff nem sequer assumiu o segundo mandato, conquistado há menos de duas semanas, mas o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já se movimenta para pavimentar o caminho de volta ao Planalto em 2018. Ontem, o petista pediu a 59 prefeitos paulistas do partido que "comprem sapatos com sola de borracha bem grossa" e saiam às ruas em defesa do PT, e prometeu que ele mesmo vai rodar o Brasil a partir do ano que vem.
A reunião com os prefeitos petistas faz parte de uma série de encontros que Lula pretende fazer com setores da sociedade e da política ainda em 2014. Anteontem, ele se reuniu com a bancada de senadores atuais e eleitos pelo PT e, a partir da semana que vem, deve conversar com sindicalistas, movimentos sociais e representantes das novas redes e coletivos da juventude.
O pedido de Lula aos prefeitos é uma reação a manifestações que, na semana passada, pediram o impeachment de Dilma e até intervenção militar. O diagnóstico do ex-presidente é que o antipetismo, principalmente em São Paulo, se tornou o maior empecilho tanto para o segundo mandato de Dilma quanto para a sua possível volta à Presidência em 2018.
Metáfora
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Segundo Lula, a direita está ocupando o lugar historicamente usado pela esquerda nas manifestações de rua. O ex-presidente usou uma de suas metáforas para dizer que o PT tem de voltar a ocupar o espaço nas ruas. "É como andar em um ônibus lotado: se a gente levanta a perna, vem outra pessoa e coloca o pé no lugar", disse Lula, segundo relatos dos participantes do encontro.
O ex-presidente reuniu os prefeitos petistas em um churrasco na sede da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM), em São Bernardo. Com o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), sentado na plateia, Lula pediu que os mandatários petistas "façam mais política". "Obra é bom, mas só obra não ganha eleição", disse o ex-presidente. "Essa coisa de Facebook e Twitter é importante, mas nada substitui o abraço, o olho no olho, o aperto de mão", cobrou o ex-presidente.
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Modelo tucano
Vários prefeitos corroboraram a análise de Lula e citaram o governador de São Paulo, Geraldo, Alckmin (PSDB), reeleito com folga no 1.º turno, como exemplo por ter viajado todos os finais de semana para o interior inaugurando obras e falando com as lideranças políticas locais durante os quatro anos de mandato. Um prefeito que pediu anonimato ironizou o tucano, alegando que uma mesma obra foi "inaugurada três vezes" nesse período.
Lula também cobrou dos petistas mais abertura para os novos movimentos da juventude e uma reciclagem na agenda política que, segundo ele, deve incorporar pautas inéditas, principalmente nas grandes cidades.
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Participantes do encontro ouvidos pelo Estado não tiveram dúvida em interpretar a fala de Lula como uma indicação do caminho a ser seguido até 2018 e uma postura menos passiva em relação ao primeiro mandato de Dilma.
Sacudida
No decorrer do churrasco regado a cerveja, os prefeitos também passaram a fazer críticas. O principal alvo foi a falta de aceso ao governo.
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Lula amenizou as queixas, lembrou que pela primeira vez na história do Brasil um partido escolhido democraticamente vai ficar 16 anos no poder e que esse longo período leva a uma acomodação "natural" das pessoas que trabalham na gestão federal. No entanto, o ex-presidente encerrou dizendo que o segundo mandato de Dilma deve ser diferente do primeiro. "É hora de dar uma sacudida no governo."
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