GOVERNO

Lula avisa que vai anunciar ministro da Defesa e comandantes das Forças na próxima semana

Integrantes da transição consultados pela reportagem viram com estranheza a sugestão dos comandantes das Forças Armadas

Julia Chaib - FOLHAPRESS

Publicado em 28/11/2022 às 20:01

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Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante ato da campanha eleitoral no Rio de Janeiro / Eduardo Anizelli/Folhapress

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O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse a aliados que desistiu de formar um grupo para tocar a transição na área da Defesa e que o processo será tocado pelo futuro ministro da pasta e os comandantes das Três Forças, que devem ser anunciados na próxima semana.

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Os nomes escolhidos por Lula serão os responsáveis por tocar a transição junto ao atual governo.

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"O presidente optou por não fazer grupo agora. Vai anunciar na semana que vem pelo ministro da Defesa e pelos três comandantes das Forças, que farão o processo de transição", disse José Múcio Monteiro, ex-ministro do TCU (Tribunal de Contas da União), após reunião com o petista nesta segunda-feira (28).

A equipe de transição de Lula havia convidado Múcio para integrar o grupo que tratará de temas ligados à área da Defesa.

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Auxiliares de Lula dizem que o ex-integrante da corte de contas é cotado para comandar o ministério ao qual estão subordinadas as Forças Armadas.

O futuro mandatário prefere um civil na pasta, a exemplo do que ocorreu em seus dois primeiros mandatos. Estratégia replicada por sua sucessora, Dilma Rousseff (PT).

Antes de o nome de Múcio aparecer nas conversas da cúpula petista, há cerca de 15 dias, aliados de Lula conversaram com o ex-ministro Nelson Jobim, que já comandou a Defesa e auxilia a transição nos temas ligados à área. Ele, porém, tem dito não querer assumir a pasta e vê com simpatia o nome do ex-ministro do TCU.

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Aliados de Lula veem o ex-ministro do TCU como uma solução para pacificar as Forças Armadas pela alta capacidade de articulação. Mesmo sendo amigo do petista, Múcio também manteve bom relacionamento com o presidente Jair Bolsonaro (PL), por exemplo.

Os grupos de trabalho de Defesa e Inteligência estão atrasados em relação aos demais. O governo de transição já anunciou 30 colegiados técnicos e mais de 400 pessoas para compô-los.

Amigo de Lula, ele integrou o TCU de 2009 a 2020. Foi indicado para o tribunal pelo petista, então em seu segundo mandato. Na ocasião, o ex-ministro era um dos auxiliares do petista no Palácio do Planalto, no comando da Secretaria de Relações Institucionais.

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Além da confiança de Lula, Múcio tem boa interlocução com partidos -foi deputado quase 20 anos- e setores da máquina administrativa. Foi filiado ao antigo PFL, ao PSDB e ao PTB de Pernambuco.

Presidiu o TCU entre 2019 e 2020, primeiros anos da gestão de Jair Bolsonaro (PL), e se aposentou antes do prazo compulsório, de 75 anos. Ele tinha 72 anos na ocasião.

Em dezembro de 2020, durante o 4º Fórum Nacional de Controle, evento que ocorreu via internet e contou com a participação do chefe do Executivo, Bolsonaro afirmou que Múcio, a que se referiu como amigo, tem comportamento conciliador e que busca consensos.

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"Eu sou apaixonado por você, José Múcio. Gosto muito de Vossa Excelência", disse o presidente, que lamentou a aposentadoria precoce do então ministro, e afirmou que o ex-colega de Câmara seria bem-vindo se quisesse trabalhar no governo. Bolsonaro indicou o então ministro da Secretaria Geral da Presidência, Jorge Oliveira, para o lugar de Múcio.

A equipe da transição tem tratado com discrição os assuntos relacionados às Forças Armadas, para não aprofundar a crise na relação com os militares.

Na última semana, os comandantes da Marinha, Aeronáutica e Exército decidiram dar a Lula a possibilidade de antecipar a indicação dos oficiais-generais que devem comandar as Forças no início de seu governo.

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O assunto foi discutido com Bolsonaro na última quinta-feira (24). No encontro, segundo relatos de militares, o presidente teria aceitado assinar o decreto com as mudanças -sejam elas a nomeação dos indicados pela transição ou dos escolhidos internamente pelas Forças.

A ideia, revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo, seria nomear os novos indicados na última quinzena do ano.

O principal fiador da proposta é o comandante da FAB, Baptista Júnior. Ele determinou a auxiliares que organizem a passagem do comando para o dia 23 de dezembro. Não há indicação de data nas outras duas Forças.

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A expectativa de oficiais-generais da Aeronáutica é que, caso a equipe de transição não antecipe as indicações, Baptista Júnior deixe o cargo para que o tenente-brigadeiro mais velho da ativa assuma temporariamente as funções.

Integrantes da transição consultados pela reportagem viram com estranheza a sugestão dos comandantes das Forças Armadas. No Exército, generais do Alto Comando avaliam que não há nenhuma mudança acertada até o momento, apesar da proposta apresentada aos aliados de Lula.

Um general afirmou, sob reserva, que a transição é assunto de governo e deveria envolver somente o Ministério da Defesa. As mudanças nas Forças Armadas, pela avaliação desse oficial, deveriam ocorrer após a posse -como ocorreu em todos os governos desde a redemocratização.

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A equipe de Lula decidiu não fazer mudanças bruscas nas Forças Armadas. Para isso, os nomes que devem ser escolhidos são de oficiais-generais com mais tempo de carreira.

No Exército, os principais cotados são os generais de Exército Tomás Miguel Paiva, Julio Cesar de Arruda e Valério Stumpf.

Na Marinha, são avaliados os nomes dos almirantes de Esquadra Aguiar Freire, Marcos Sampaio Olsen e Marcelo Francisco Campos. Na FAB, o principal cotado é o tenente-brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno.

A equipe de transição de Lula tem o desafio de arrefecer os ânimos em uma área que, sem precedente desde a redemocratização, entrou no centro do debate político.

Capitão da reserva, o mandatário transformou a sua relação com os militares em capital político. O presidente usou as Forças Armadas em sua estratégia para questionar a segurança e a eficiência do sistema eletrônico de votação.

Após a derrota de Bolsonaro, os quartéis do Exército se tornaram local de peregrinação e de manifestações de seus apoiadores, com pedidos de intervenção federal.

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