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Um dia depois de subir ao palco e ser ovacionado por milhares de pessoas na manifestação liderada pelo pastor Silas Malafaia, evento que contou com ataques à comunidade LGBT, o deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) desceu nesta quinta-feira ao subsolo da Câmara dos Deputados e teve de ouvir críticas indiretas dos também deputados Jean Wyllys (PSOL-RJ) e Érika Kokay (PT-DF).
Feliciano participou nesta manhã de um debate sobre o documentário "Mais Náufragos que Navegantes", do diretor Guillermo Planel, exibido no auditório Nereu Ramos da Câmara. Ele se definiu como um "corpo estranho" no local e se disse "um aprendiz dos direitos humanos".
Feliciano foi convidado como presidente da Comissão de Direitos Humanos da Casa. A princípio, a organização do evento chegou a cogitar realizar uma mesa de debates com os parlamentares, a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, e o diretor do filme. A posição foi revista porque poderia causar constrangimento, pois a ministra, Wyllys e Kokay são críticos à permanência de Feliciano na Comissão de Direitos Humanos. No final das contas, Maria do Rosário não pôde comparecer por estar em viagem oficial; os três deputados, por sua vez, ocuparam a plateia do auditório e subiram ao palco, um por vez, apenas para discursarem.
Jean Wyllys não se referiu diretamente a Feliciano, mas condenou a marcha desta quarta-feira. "Ontem houve uma manifestação que deveria ser de valores cristãos virou algo anti-homossexual", disse, em referência ao evento promovido pelo pastor Silas Malafaia - o evento nesta quarta-feira na esplanada foi recheado de ataques ao movimento LGBT.
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'Corpo estranho'
Feliciano, que chegou na parte final do documentário e pediu uma cópia do filme para "aprender mais" sobre o tema, foi o segundo a subir ao palco e confessou que se sentia "um corpo estranho" no auditório. Em seguida, sem fazer referências diretas à Jean Wyllys, o deputado do PSC alegou que existe um "ataque ao cristianismo" no Brasil. "Represento essa comunidade cristã que é atacada", alegou. Em sua fala, o pastor disse que, a princípio, havia resistido ao convite de participar do encontro, mas que aceitou pela insistência dos organizadores.
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Na sua vez de falar, Érika Kokay saiu em defesa de Jean Wyllys. "Aqui nós não podemos permitir que sejam distorcidas as palavras O deputado Jean não veio aqui para atacar o cristianismo. Ele veio aqui para dizer que a lógica do cristianismo é da fraternidade. Um segmento não pode se apoderar dessa concepção e negar todas as outras", afirmou. De acordo com ela, é incompatível defender os direitos humanos discriminando, ao mesmo tempo, a comunidade LGBT. "Hoje, na Comissão de Direitos Humanos (presidida por Feliciano), temos que defender os direitos humanos das concepções que ali estão postas".