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O Brasil clamava por transformações há 20 anos, quando foi criado o plano real, de acordo com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "Nem sempre os povos estão abertos a mudanças. É importante mudar para novo rumo. Mas, mesmo quando se insiste muito, é difícil mudar", avaliou ele, na abertura do seminário "20 anos depois do Plano Real: um debate sobre o futuro do Brasil".
De acordo com ele, a mudança é quase sempre um salto na obscuridade e, portanto, é preciso persistência e coragem. Na época da criação do plano real, a sociedade sentia uma indefinição sobre o futuro do País. "A abertura da economia, depois da democratização do Brasil, foi um marco importante, um sacolejão no País", avaliou ele, acrescentando ser difícil dar rumo a um governo amplo.
FCH disse que foi muito importante trocar toda a moeda nacional em apenas um dia. Até do ponto de vista simbólico, conforme ele, essa decisão foi relevante. "Houve trabalho enorme de mostrar que teríamos condições de implementar o plano real", disse ele, acrescentando que as pessoas precisavam eliminar a ideia de que a moeda perderia valor. Ele lembrou que o Fundo Monetário Internacional (FMI) não apoiou o plano real formalmente. "Foi difícil (a implementação do plano real). Houve um trabalho de convencimento", admitiu.
Cardoso afirmou que o Brasil vive um novo momento e que uma mudança mais profunda terá de ocorrer. Segundo ele, essa mudança não é tecnocrática. "Precisamos entender que o mundo mudou também. O País está um pouco na dúvida de se seremos capazes ou não (de mudar)", avaliou ele, durante discurso de abertura no seminário "20 anos depois do Plano Real: um debate sobre o futuro do Brasil".
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Na opinião do ex-presidente, todo mundo sabe que a infraestrutura do Brasil não funciona bem, entretanto, é necessária uma mudança mais profunda. "É preciso uma confluência de visões que permita que se aponte um caminho para o Brasil. Estamos vivendo um momento parecido (com o da criação do plano real)", avaliou ele, explicando que não quer se aproveitar de um mau momento do governo para criticar o País. "Vinte anos depois, necessitamos de um salto. Temos muitos desafios e força para avançar nos próximos 20 anos com a cabeça erguida", acrescentou.
FHC disse ainda que não tem a visão de outros especialistas de que a história começou com o plano real. Segundo ele, a história não se faz em um só momento ou um só governo. A história não começou conosco. É longa.
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