Política
Eduardo Leite, da Camargo Corrêa, réu da Operação Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro, confirmou os termos de seu depoimento à força tarefa do MPF e da Polícia Federal
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O executivo Eduardo Leite, da Camargo Corrêa, afirmou à Justiça Federal no Paraná, nesta segunda feira, 4, que "por volta de 2010" foi procurado pelo então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e que durante uma reunião sugeriu a ele se "não desejava fazer repasse direto (de propinas) para o PT em forma de doação eleitoral". Leite, réu da Operação Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro, confirmou os termos de seu depoimento à força tarefa do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, realizado em março.
"Em determinada ocasião, por volta de 2010, fui procurado pelo João Vaccari, tesoureiro do PT, que me chamou para um encontro. Ele me informou que tinha ciência de que a Camargo Corrêa estava atrasada para pagamentos (de propinas) na área de Serviços (da Petrobrás, unidade dirigida pelo engenheiro Renato Duque, indicado pelo PT). Ele disse que a área de Serviços tinha obrigação de pagar para o Partido dos Trabalhadores e se eu não desejava fazer o repasse direto ao partido em forma de doação eleitoral."
"Levei (a sugestão de Vaccari) para nossa área (na Camargo Corrêa) responsável por doação, não teve andamento", declarou Eduardo Leite, que está preso em regime domiciliar desde que fez delação premiada, sob monitoramento de tornozeleira eletrônica. Ele disse que "a gente sabia que o Renato Duque era indicação do PT".
Eduardo Leite confirmou que entre 2007 e 2012 a empreiteira pagou cerca de R$ 110 milhões em propinas. "Mais ou menos R$ 63 milhões para a Área de Serviços e R$ 47 (milhões) para a Área de Abastecimento."
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"Nada era feito sem conhecimento (dos outros diretores) da nossa corporação. É grande a dificuldade. Existe um processo extremamente delicado para aprovação de pagamento."
"A propina dentro da Camargo Corrêa era um custo para a questão Petrobras", declarou o empresário. "Eu tinha um custo que representava 1% do contrato. Era custo e a empresa estava passando por uma situação desgastante que foi uma operação anterior, fez com que a empresa mudasse alguns procedimentos", disse, em referência à Castelo de Areia, emblemática operação deflagrada pela Polícia Federal em 2009.
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Ele disse acreditar que os acionistas não tinham conhecimento das propinas. "Em nenhum momento, da minha parte, tratei com acionistas."
O empresário admitiu que recebeu R$ 500 mil do doleiro Alberto Youssef, peça central da Lava Jato. "O sr. Youssef era um cobrador costumaz, tinha uma capacidade de cobrança muito forte. Ele tinha muita criatividade, ela trazia várias soluções para viabilizar pagamentos e muitas dessas soluções por nós foram reprovadas. Em alguns momentos, eu disse a ele que havia um impedimento para fazer pagamento. Ele dizia: ‘Pô, eu trago a solução e você não quer, então estou chegando à conclusão que você não quer me pagar’."
Eduardo Leite declarou que nas obras das refinarias da REPAR e da Abreu e Lima "houve um período similar de acumulação de repasses". Ele disse que não fazia interlocução com políticos. "Quem fazia eram esses operadores, eu sei que representavam o PP (Partido Progressista) porque ouvia falar. Acho que ouvi do próprio Paulo Roberto Costa (ex-diretor de Abastecimento da Petrobras) uma vez."
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Indagado se além da Camargo Corrêa outras empreiteiras pagavam propinas, ele esclareceu que nas reuniões "isso era falado". Quem comentou?, perguntou o juiz Sérgio Moro, que conduz as ações da Lava Jato. "Por exemplo, o Márcio Farias, da Odebrecht, comentou, o Ricardo Pessoa, da UTC comentou, todo mundo tinha um desconforto até em comentar, embora chegue um momento que acha normal, havia esse desconforto. Um por cento sobre contrato de R$ 3 bilhões, por exemplo ,é significativo."