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O ex-gerente executivo de Engenharia da Petrobras Pedro Barusco Filho disse, em delação premiada à força-tarefa da Operação Lava Jato, que fez uma “troca de propinas” com o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto. Ele não especificou valores. Barusco afirmou que possuía um “crédito” da empreiteira Schahin Engenharia, gigante que atua nas áreas de petróleo e gás.
O ex-gerente estaria encontrando dificuldades em receber o dinheiro, que, segundo ele, seria relativo ao empreendimento de reforma e ampliação do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes) no Rio de Janeiro, complexo de laboratórios na Ilha do Fundão.
O ex-gerente disse que procurou Vaccari porque o petista “tem uma boa relação com a Schahin”. A Diretoria de Serviços da Petrobras, unidade estratégica da estatal e na qual Barusco atuava, era cota do PT. Por ela passam todos os procedimentos de licitações e contratação da estatal.
Vaccari, segundo afirmou Barusco, também era credor de propina de uma outra empresa do ramo de óleo e gás que atua em contratos de módulos para o pré-sal e que participou da montagem de Angra I e Angra II.
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O ex-gerente e o tesoureiro teriam feito, então, uma permuta. No cruzamento de propinas, o “crédito” do petista teria ficado para Barusco e Vaccari teria herdado o pagamento da Schahin.
A Schahin já havia sido citada em interceptações telefônicas do doleiro Alberto Youssef, um dos operadores do esquema na Petrobras, em que ele e um empresário que fornece materiais para a estatal conversam sobre quem “pagou em dia” e quem “estava atrasado” no repasse de dinheiro. A empresa não tem executivos incluídos nas cinco ações criminais apresentadas pelo Ministério Público Federal.
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Arquivo
A delação de Barusco foi homologada pela Justiça Federal no Paraná há uma semana. Em uma cláusula do contrato que firmou com a força-tarefa do Ministério Público Federal, o ex-gerente comprometeu-se a devolver ao Tesouro US$ 97 milhões que mantém no exterior e mais R$ 6 milhões no Brasil. Ele confessou que essa fortuna teve origem em atos “ilícitos”.
O grau de colaboração do ex-gerente impressiona os investigadores da Lava Jato. Ele demonstrou grande senso de organização e disciplina ao fazer uma metódica contabilidade dos repasses de propinas, apontando todos os negócios onde correu dinheiro por fora. Tudo ele registrava em um arquivo pessoal.
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Barusco passou números de contas bancárias e nomes de beneficiários de comissões. Afirmou que ele e Renato Duque, ex-diretor de Serviços a quem era subordinado, dividiram propinas em “mais de 70 contratos” da Petrobras entre 2005 e 2010.
O ex-gerente disse que fornecedores e empreiteiros não desembolsavam recursos por “exigência”, mas porque o pagamento de propinas na Petrobras era “algo endêmico, institucionalizado”.
Antes de atuar no cargo subordinada a Duque, Barusco foi gerente de tecnologia na Diretoria de Exploração e Produção e diretor de Operações da empresa Sete Brasil, que tem na Petrobras um de seus investidores.
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Barusco afirmou que, “na divisão de propinas”, Duque ficava “com a maior parte”: margem de 60% para o ex-diretor e de 40% para o ex-gerente. Ele entregou uma planilha de contratos onde teria corrido suborno e os valores que o esquema girou. Os contratos são de praticamente todas as áreas estratégicas da Petrobrás.
Ele citou Gás e Energia, Exploração e Produção e Serviços. Revelou outros operadores da trama de corrupção na Petrobras. Além do doleiro Alberto Youssef e do lobista do PMDB, Fernando Soares, o Fernando Baiano, Barusco apontou outros nomes.