Política

Espionagem da Petrobras tem motivação esconômica e estratégica, afirma Dilma

Na nota oficial, a presidente afirmou que a Petrobras não representa ameaça à segurança de qualquer país, mas, sim, um dos maiores ativos de petróleo do mundo

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 09/09/2013 às 22:20

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A presidente Dilma Rousseff classificou a espionagem da rede de computadores da Petrobras como uma prática movida por "interesses econômicos e estratégicos". A violação foi feita pela Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos e Dilma condenou a atitude em nota divulgada nesta segunda-feira (9), quatro dias após ter ouvido do colega americano Barack Obama que a tentativa de espionar as comunicações brasileiras "só traz custo" para os EUA.

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Na nota oficial, a presidente afirmou que a Petrobras não representa ameaça à segurança de qualquer país, mas, sim, um dos maiores ativos de petróleo do mundo e um patrimônio brasileiro. Desde quando vieram à tona documentos secretos apontando que a NSA havia monitorado e-mails de Dilma e de seus principais assessores, no início do mês, o governo já desconfiava de que os alvos da espionagem eram as reservas do pré-sal.

"(...) Se confirmados os fatos veiculados pela imprensa, fica evidenciado que o motivo das tentativas de violação e de espionagem não é a segurança ou o combate ao terrorismo, mas interesses econômicos e estratégicos", escreveu a presidente na nota. "Tais tentativas de violação e espionagem de dados e informações são incompatíveis com a convivência democrática entre países amigos, sendo manifestamente ilegítimas."

A jornalistas, Dilma afirmou que o monitoramento da Petrobras "é tão grave quanto" a violação de suas correspondências. A reportagem que apontou a Petrobras como alvo de ações de inteligência da NSA foi exibida no domingo pelo programa Fantástico, da TV Globo.

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Dilma Rousseff classificou a espionagem da Petrobras como prática movida por "interesses econômicos e estratégicos" (Foto: Divulgação)

Custo-benefício

Antes de divulgar a nota oficial, Dilma relatou a ministros e parlamentares com quem se reuniu nesta segunda, no Palácio do Planalto, a conversa mantida com Obama, em São Petersburgo (Rússia), na noite de quinta-feira. Os dois se encontraram na cúpula do G-20.

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Obama prometeu tomar providências em relação às denúncias de espionagem envolvendo o Brasil e também o México. Segundo o Grupo Estado apurou, ele disse não haver benefício que justificasse tal procedimento porque os Estados Unidos investem na boa relação com o Brasil.

Foi nesse momento que o americano mencionou que a violação das comunicações brasileiros só teria custos para os Estados Unidos. Dilma disse ao colega que abordará o assunto em seu discurso de abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, no próximo dia 24.

Ao que tudo indica, a presidente ainda não tinha detalhes sobre a espionagem da rede de computadores da Petrobras quando conversou com Obama. Mesmo assim, já estava certa de que havia interesses econômicos por trás do monitoramento. O governo brasileiro decidiu enviar missões a países da Europa para verificar como eles se protegem da bisbilhotagem.

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Na conversa com Obama, Dilma disse que o rastreamento das comunicações no Brasil não se enquadraria em nenhum princípio de segurança. Afirmou, ainda, que o combate ao terrorismo não pode violar a soberania nacional. O americano concordou. "Para um país parceiro, vocês colocam a relação bilateral numa situação muito difícil", argumentou a presidente.

O mesmo tom foi adotado nesta segunda na nota oficial. "Inicialmente, as denúncias disseram respeito ao governo, às embaixadas e aos cidadãos - inclusive a essa Presidência. Agora, o alvo das tentativas, segundo as denúncias, é a Petrobras, maior empresa brasileira", observou Dilma. "(...) O governo brasileiro está empenhado em obter esclarecimentos do governo norte-americano sobre todas as violações eventualmente praticadas, bem como em exigir medidas concretas que afastem em definitivo a possibilidade de espionagem ofensiva aos direitos humanos, à nossa soberania e aos nossos interesses econômicos."

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