Deputada garante que houve retrocesso grande no Governo Bolsonaro em várias áreas, principalmente relacionado às mulheres e Educação / Nair Bueno/DL
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A frase acima foi dita pela deputada federal Tábata Amaral (PSB), que esteve em São Vicente, na última segunda-feira (16). Ela veio ministrar uma palestra sobre Direito das Mulheres, na Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), e referindo-se à possibilidade de Jair Bolsonaro ser reeleito. Sobre as mulheres, tema de sua palestra, disse que os problemas aumentaram muito no atual Governo Brasileiro.
A parlamentar relaciona desde o desincentivo escolar até o aumento da violência doméstica e nas ruas, principalmente em pontos de ônibus. Também mencionou a pobreza menstrual, que está fazendo com que jovens faltem às aulas por falta de dinheiro para comprar absorvente íntimo, sem contar a violência política sofrida por parlamentares mulheres.
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"No combo Bolsonaro-pandemia, houve um aumento no número de chamadas denunciando violência doméstica, com mulheres presas junto com seus agressores. Para piorar, o Ministério (da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos), por alguma razão bizarra, resolveu cortar investimentos em políticas públicas. Para se ter uma ideia, só temos uma Casa da Mulher Brasileira, no centro de São Paulo, para atender todo mundo e ainda não vem recebendo recursos federais".
Presidente da Comissão Externa de Combate à Violência Contra a Mulher, Tábata acredita que o Fundo de Segurança Pública deveria destinar um percentual para atendimento a amparo às mulheres. "Eu estou menos preocupada com o debate ideológico. O que me angustia são os cortes de recursos. Andamos muito para trás. O brasileiro já percebeu isso", garante.
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EDUCAÇÃO.
Em relação à Educação, a parlamentar lembra que o Governo Bolsonaro está no quinto ministro da pasta. Oriunda de escola pública, Tábata afirma que os governos nunca priorizaram a Educação e nem blindaram o MEC (Ministério da Educação) de corrupção, mas nunca houve um governo como o de Bolsonaro, que faz tanta chacota e nutre tanto desprezo com a área.
"Essa semana, o Governo vai tentar pautar mais uma vez o projeto de Educação Domiciliar, que impacta sete mil famílias. A política pública que eu penso envolve os 50 milhões de alunos de todo o Brasil. Esse Governo foi contra o Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica) e foi contra meu projeto para levar acesso à Internet para 18 milhões de alunos, entre outras propostas".
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Tábata Amaral garante que a evasão escolar hoje é a mesma de 20 anos atrás e que toda semana há um escândalo de corrupção diferente. "Conseguimos travar o superfaturamento de ônibus escolares e compra do kit robótica para o reduto do Centrão. Tinha mais kit que estudante para escolas que não tinham água e nem internet. É corrupção do começo ao fim e tem coisa que a gente nem fica ciente. É corrupção, incompetência e ausência na Educação", revela, enfatizando que na Cultura não é diferente.
RELIGIÃO.
A deputada é católica, mas acredita que a junção religião e política do Governo Bolsonaro é perigosa. "Sabemos que há muitos evangélicos que pensam diferente do Governo. No entanto, o que me preocupa é o uso da religião para coisas ruins. O cristianismo que eu conheço é o oposto ao Governo que destrói o meio ambiente, que defende a tortura, que permitiu a morte de milhares na pandemia. É ele (Bolsonaro) e os filhos acima de tudo e, se tiver que usar da religião para justificar o poder, ele vai usar".
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A deputada acredita que a Reforma Trabalhista deve passar por nova discussão, assim como os supersalários. "Temos desembargadores recebendo cerca de R$ 400 mil por mês. Isso é imoral, ilegal e a Constituição proíbe. Acabamos com a aposentadoria especial de políticos, porque o dinheiro saía do pobre. No orçamento secreto, tem deputado recebendo R$ 300 milhões para fazer sua reeleição. Isso é corrupção. O orçamento secreto é maior que o Mensalão e o Petrolão".
GOLPE.
Finalizando, a deputada Tábata Amaral acredita que Bolsonaro não tentará dar um golpe semelhante ao de 64, mas está trilhando o caminho de Hugo Chavez (ex-presidente da Venezuela) e de Orbán (Viktor Mihály Orbán, político húngaro ultraconservador que serve como primeiro-ministro da Hungria).
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"Governos populistas e autoritários de esquerda e de direita. Não acredito em tanques nas ruas, num golpe militar, porque as instituições, o empresariado, a população e a Imprensa não vão apoiar. Mas acredito na indicação mais forte, num segundo mandato, de pessoas no Judiciário e na Polícia Federal para perseguir opositores e proteger apoiadores. Ele (Bolsonaro) já está fazendo isso quando se investiga os filhos. Se ele for reeleito, temo que nos tornaremos uma sociedade que vota, mas não será livre nem democrática", finaliza.
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