Política

Efeitos da Lava Jato podem afetar crescimento em 2015

Ao abarcar as principais construtoras do País, as investigações atrasarão o programa de concessões, a maior aposta do governo para acionar o motor dos investimentos

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 19/11/2014 às 19:45

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Os desdobramentos da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, poderão afetar as perspectivas de crescimento de 2015. É o que já se admite na equipe econômica da presidente Dilma Rousseff. Ao abarcar as principais construtoras do País, as investigações atrasarão o programa de concessões, a maior aposta do governo para acionar o motor dos investimentos.

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Os mais otimistas enxergam um lado bom no processo: a possibilidade de abrir espaço para construtoras de médio porte nas novas parcerias com o governo. Há pelo menos um caso bem sucedido, o da concessão da BR-050 em Goiás e Minas Gerais, arrematada por um grupo de empreiteiras que não têm relação com o "clube" investigado pela Lava Jato. O governo acredita que é possível uma participação maior das empreiteiras menores no processo.

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Mas, para que essa alternativa se viabilize, será necessário desatar o nó do crédito. Há dúvidas se os bancos aceitarão financiar empresas com menor tradição em empreendimentos de valor elevado e prazos longos. Será preciso ampliar as garantias.

O crédito para as concessões e Parceiras Público-Privadas (PPP) tem ainda outro complicador à frente, que é a perspectiva de novo rebaixamento da nota do País pelas agências internacionais de classificação de risco. Maior preocupação da equipe econômica no momento, essa é uma possibilidade cada vez mais concreta.

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Ela não tem origem nos malfeitos na Petrobras, e sim na condução da política fiscal brasileira. O rebaixamento vai encarecer os empréstimos para o setor público e para as empresas, mas pode sobretudo afastar os investidores estrangeiros.

Dimensão

A área técnica do governo já dá como certo o atraso do programa de concessões, mas ainda não se tem até o momento a real dimensão do estrago que as informações envolvendo as maiores empreiteiras do País - que lideram os grandes projetos de infraestrutura - pode afetar o apetite dos investidores, que participam dos projetos via mercado de capitais comprando debêntures que têm isenção tributária.

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Se esse canal de financiamento não deslanchar em 2015 como se esperava, por conta da imagem de corrupção fora do País, a velocidade do programa estará ainda mais comprometida.

Por enquanto, não se considera a hipótese de paralisação total, principalmente porque os sinais iniciais é de que as oito empreiteiras da Lava Jato conseguirão tocar as obras. O problema maior são as novas concessões e o crédito para elas. "Mas não há como manter o calendário inicial", admitiu uma fonte do governo. O problema maior é que a demora da escolha do nome do novo ministro da Fazenda dificulta o desenho de uma estratégia rápida de ação para minimizar os impactos no programa de concessões.

Eficiência

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Os prejuízos para o crescimento foram admitidos pelo presidente do grupo Gerdau, Jorge Gerdau. Para ele, a Lava Jato pode afetar a perspectiva de investimentos e crescimento do País no ano que vem, inclusive pelos impactos das investigações sobre o Legislativo brasileiro. "O problema é o seguinte: as coisas todas têm que andar bem. Você não pode ter problemas importantes que nem estamos tendo, que afetem em menor ou maior escala o Congresso. Para ter plena eficiência, você tem que trabalhar procurando não ter problemas e nós, no momento, temos problema que tem que ser vencido."

Já o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, traçou um quadro mais positivo. "Acho que estamos dando uma demonstração de seriedade, de que no Brasil a Justiça funciona sem interferência", comentou. Ele disse ser necessário segregar as pessoas que cometeram os ilícitos das empresas, que são importantes para o País. E afirmou que, do ponto de vista de seus contatos no setor privado estrangeiro, o Brasil segue como um destino atraente para negócios.

Ajuste

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A importância das concessões e PPPs para a estratégia de crescimento no segundo governo de Dilma Rousseff ficou clara no discurso do ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, nesta quarta-feira, 19, na abertura da reunião com empresários industriais para discutir medidas de estímulo ao setor. Ele afirmou que o País "vai ter de fazer um ajuste" em suas contas, por isso conta com o investimento privado. "Precisamos avançar nas PPPs", afirmou.

O ministro comentou ainda que fez um "apelo" para o Tribunal de Contas da União (TCU) liberar logo o processo de arrendamento de áreas nos portos, em análise há mais de um ano. O governo quer começar o processo por áreas nos portos públicos de Santos (SP) e no Pará.

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