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O deputado João Paulo Cunha (PT-SP), condenado no julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal, admitiu nesta sexta-feira (7) que é hora de "passar o bastão". O parlamentar criticou a decisão do Judiciário, afirmou que os ministros do STF foram "seletivos" e que a história vai corrigir "injustiças" cometidas contra o PT.
"Eu, pessoalmente, já estou começando a trabalhar a hipótese de que a vida é assim. A vida é como uma árvore, que cai uma semente e dela brota outra árvore. Agora é importante a gente salvar o projeto, tocar para a frente e passar o bastão para os outros companheiros", disse o deputado, em seminário do PT paulista em Embu das Artes (SP). "Eu, o Zé (o ex-ministro José Dirceu) e o (ex-presidente do PT José) Genoino estamos realmente passando, e a responsabilidade agora é das pessoas que chegam."
João Paulo, que disse viver um "calvário", citou como exemplo o momento em que abriu mão da candidatura a prefeito de Osasco, ao ser considerado culpado pelo STF. Seu vice, Jorge Lapas, assumiu a vaga e venceu a disputa no 1.º turno. O deputado criticou o tratamento dado pela imprensa ao PT e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cobertura do julgamento do mensalão e da Operação Porto Seguro. Uma das indiciadas pela Polícia Federal é Rosemary Noronha, ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo e íntima do ex-presidente.
"Observe a crueldade que fazem nesse momento com o Lula. Fazem entrevista com o ex-presidente Fernando Henrique, que merece todo o respeito, mas é bajulação. Incompatível quando comparado com o Lula", afirmou. "A história fará a correção do que está acontecendo agora. Acho que eu não vou estar vivo, mas a história vai corrigir."
O deputado não quis comentar a possibilidade de o STF cassar imediatamente os mandatos dos deputados condenados, mas indicou que espera ficar no cargo até 2014, quando termina seu mandato. "Com todos os problemas que tenho, fico muito incomodado quando alguém tenta dar lição de ética na gente. Eu tenho 28 anos de mandato - 30 anos eu vou fazer em 2014, de mandato."
Na mesma linha de raciocínio, a direção do PT decidiu não aplicar dispositivo do Código de Ética, que prevê a expulsão de filiados condenados em última instância pela Justiça. O documento foi produzido após o escândalo do mensalão e tem entre seus redatores o atual ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo "É ao PT que cabe o direito de defesa dos acusados, com comprovação das denúncias, porque o Supremo não permitiu isso", disse a deputada Benedita da Silva (PT-RJ).
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