Política

DL Entrevista: 'Temos que pagar mais pro professor', afirma Abraham Weintraub

Em conversa com o Diário do Litoral, o ex-ministro da Educação falou sobre o Novo Ensino Médio, Lula, Centrão e expectativas para as eleições

LG Rodrigues

Publicado em 08/02/2022 às 07:00

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Weitraub afirma que sonha em receber os filhos e os netos em sua casa um dia sabendo que o Brasil não tem desemprego e criminalidade / Nair Bueno/ DL

Abraham Weintraub não se vê mais voltando ao Governo Bolsonaro, onde ele atuou, ao longo de dois anos, como ministro da educação. Sem falar com o Presidente da República desde o começo do ano passado, ele relata que é necessário que os conservadores se unam no Brasil e lamentou uma possível volta de Lula ao cargo máximo do Executivo no País.

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Diário do Litoral - Como você enxerga o novo Ensino Médio?

Abraham Weintraub - O ensino médio no Brasil, quando eu cheguei lá, era um fracasso completo. A diferença da pessoa que fez o ensino médio para quem não fez, em termos de produtividade, é praticamente zero. Você não tem um ganho na capacidade de trabalho dessa pessoa. Eu acho que [o novo ensino médio] melhora, tem algumas coisas que precisam melhorar, né? Uma das coisas que a gente implementou enquanto eu estava lá é você fazer o exame em todas as escolas do ensino médio para ver o grau de aprendizado porque antes era feito por amostragem e você precisa ter as métricas para você melhorar o ensino médio. Eu acho que enquanto a gente não tiver todos os alunos do Brasil fazendo duas provas individuais por ano, a gente não tem nenhum instrumento para implementar realmente uma mudança dramática no ensino porque com todo aluno no Brasil fazendo dois exames, eu consigo identificar o aluno que ficou para trás por uma deficiência individual, eu consigo identificar um professor ruim, porque se a classe inteira está indo mal o problema é o professor. O professor que, ou vai buscar outra profissão, ou ele tem que ser recapacitado, precisa treinar, precisa aprender, qualquer coisa, ou procurar outra profissão. Tem gente que não nasceu pro ofício. E por último, se a escola inteira vai mal, daí tem que trocar o diretor.

DL - Bolsonaro aprovou 33,24% de aumento do piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério da educação básica. Muitos prefeitos afirmam que o valor vai gerar uma dificuldade imensa aos cofres públicos municipais, como é que o senhor avalia essa cifra aprovada em ano eleitoral?

AW - Eu não vou falar do atual ministro porque ele já tem problemas o suficiente. O que eu posso falar? No meu ano veio recurso e a gente mandou recurso pros governos estaduais, e o recurso era justamente para aumentar professor e ter mais verba pra construir coisas. Choveu governador falando para não dar aumento, para vetar o aumento. Por quê? Eles querem ter o máximo de recurso disponível para gastar como quiser. Falar que o caixa dos Estados está baixo, eu não acredito, porque foi feita muita transferência, muita. São bilhões e bilhões que foram pros Estados. A maior parte dos estados está com caixa alta e a razão é essa. Eles querem ter liberdade para gastar como quiser. Como foi feito aí na Covid, né? Eu acho que tem que aumentar o salário do professor, mas isso só não basta. A gente precisa tirar os professores que não conseguem escrever, ler, não conseguem o básico. Tem que tirar, pagar mais, mas tirar os professores ruins porque tem professor ruim.

DL - As eleições podem ser resolvidas entre Lula e Bolsonaro, como você enxerga isso?

AW - Eu espero que ele [Lula] não ganhe. Eu acho que é uma pessoa que já mostrou quem ele é, o que ele faz. Não tem mais nada a assombrar nas nossas vidas.

DL - Você não fala com Bolsonaro faz mais de um ano. Acha que alguém vem interferindo?

AW - O Centrão. É o Centrão. Ele realmente olha pros conservadores, e eu sou talvez um dos nomes mais expressivos dos conservadores hoje, ele olha pro conservadores como uma ameaça. A gente é uma ameaça, eles viram o que a gente faz, eles viram que a gente não dá espaço para as práticas deles e eles têm realmente restrições à nossa existência.

DL - Não é alguém do clã Bolsonaro?

AW - Não, eu não acredito que exista algo pessoalmente contra mim, ou contra o meu irmão, e da nossa parte é recíproca. Eu não tenho nada contra eles, mas eu já falei várias vezes: eu não gosto das pessoas com quem, no final, o presidente acabou se aproximando.

DL - Após depor à PF, alguém do Governo o contatou?

AW - Não. Ninguém, nenhum contato.

DL - O que melhorou e piorou de 2018 pra cá?

AW - Eu não me arrependo da gente ser um dos primeiros apoiadores do Bolsonaro. No começo era o Onyx, eu, meu irmão, os três filhos e o então deputado Jair Messias Bolsonaro, começo de 2017. Ele tinha, se não me engano, 3% de intenção de voto e a gente acreditou no projeto. Eu não me arrependo porque se o Haddad ganhasse eu acho que o Brasil já teria caído na ribanceira, entendeu?

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