Política

Dilma Rousseff intensifica agenda na África

Esta é a terceira viagem de Dilma ao continente só neste ano. A presidenta deve ficar dois dias na Etiópia, um dos países que mais crescem na África e no mundo

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 24/05/2013 às 14:09

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Convidada especial da comemoração do Jubileu de Ouro da União Africana, a presidente Dilma Rousseff chega nesta sexta-feira, 24, à Adis Abeba, na Etiópia, em mais um sinal da intensificação da agenda brasileira no continente africano. Para o Itamaraty, o apoio da região foi fundamental na eleição do embaixador Roberto Azevêdo para a direção-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC).

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Nas contas do governo brasileiro, Azevêdo obteve 43 votos africanos, de um total possível de 50. Os africanos teriam dado um apoio proporcionalmente maior que os latino-americanos - entre eles, Azevêdo teria obtido metade dos 36 votos.

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"O México (que lançou Herminio Blanco na disputa pela OMC, visto como candidato dos países ricos) só tem uma meia dúzia de embaixadas no continente contra 37 nossas! O 'soft power' é nossa vantagem, é o tipo de relacionamento que os africanos prezam, pois está baseado no respeito mútuo entre as partes e não na atitude em geral paternalista do relacionamento com os países do Norte", afirma um embaixador brasileiro na África.

Esta é a terceira viagem de Dilma ao continente só neste ano - a presidente visitou a Guiné Equatorial, em fevereiro, para a III Cúpula América do Sul-África, emendando com uma passagem pela Nigéria, onde se encontrou com o presidente Goodluck Jonathan. Em março, participou em Durban, na África do Sul, da V Cúpula de Chefes de Estado e de Governo dos Brics. Ao pisar em Adis Abeba, Dilma terá passado em 2013 mais dias na África do que nos seus dois primeiros anos de mandato somados.

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"A presidente Dilma é o símbolo da grande presença brasileira no mundo. A África vê o Brasil como exemplo a ser emulado, quer aprender nossas tecnologias sociais, ver como nos industrializamos, nos considera um exemplo de sucesso", avalia o embaixador Paulo Cordeiro de Andrade Pinto, subsecretário-geral político para África e Oriente Médio. "Com o convite (dos 50 anos da União Africana), a África chama o Brasil para a sua festa e estabelece um novo patamar nas nossas relações."

Dilma deve ficar dois dias na Etiópia, um dos países que mais crescem na África e no mundo - o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê um aumento no PIB de 6,5% para 2013 e 2014, depois de altas de 7% (2012) e 7,5% (2011), alavancadas pelo desenvolvimento agrícola - e não pela exploração de petróleo, que a Etiópia importa.

A capital etíope, sede da União Africana, é um canteiro de obras a céu aberto, com novos edifícios brotando a cada esquina, carros de luxo cruzando ruas e poeira sendo derramada sobre uma população ainda miserável. O PIB per capita é de US$ 1.200, o equivalente à 10% da riqueza de um brasileiro.

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Agenda

Dilma deve se encontrar nesta sexta com o primeiro ministro da Etiópia, Hailemariam Desalegn. Está prevista a assinatura de acordos de cooperação em ciência e tecnologia, agricultura e serviços aéreos - a Ethiopian Airlines se prepara para lançar em julho voos ligando Rio de Janeiro e São Paulo a Adis Abeba. Também há a expectativa de assinatura de um memorando de entendimento para o envio de professores brasileiros para a Universidade Pan-Africana, que tem cinco polos espalhados pelo continente.

Desalegn assumiu o cargo após a morte no ano passado do ex-guerrilheiro Meles Zenawi - este, elogiado por promover o desenvolvimento econômico do País, mas criticado por abusos na questão de direitos humanos. Para seus defensores, Zenawi- cuja imagem é encontrada por todos os cantos em Adis Abeba, estampada em outdoors,cartazes e panfletos- promoveu o crescimento econômico do país, investiu pesado em infraestrutura e na produção de flores; para os críticos, concentrou poderes, retirou benefícios sociais e envio de alimentos para os apoiadores da oposição e perseguiu jornalistas. Desalegn já prometeu dar continuidade ao legado de Zenawi, "sem nenhuma mudança".

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