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A presidente Dilma Rousseff reeditou nesta segunda-feira a estratégia do PT nas eleições de 2006 e 2010 de atrelar o PSDB à intenção de privatizar e sucatear a Petrobras. Em visita ao Porto de Suape e vestindo o macacão laranja da estatal, a 40 quilômetros do Recife, ela defendeu o trabalho da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União de investigar a corrupção e o tráfico de influência na estatal, na tentativa de esvaziar a CPI da Petrobras, e voltou a fazer o discurso tradicional do tempo do governo Lula do "nós contra eles", acusando a oposição de atuar contra a estatal e o Brasil.
Foi a primeira vez que ela se manifestou em defesa da empresa desde que o jornal O Estado de S. Paulo revelou seu aval à compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, negócio que gerou prejuízo estimado em R$ 1 bilhão. Enquanto isso, os adversários atacavam o governo ao longo do dia tendo como principal foco das críticas justamente a Petrobras. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) dizia em Salvador que é preciso tirar a estatal "das garras" do PT. "Diziam que a gente ia privatizar a Petrobras, mas o que eu quero é reestatizar a Petrobras. Quero tirá-la das garras de um partido que a ocupou para fazer negócios e entregá-la, novamente, aos interesses maiores da população brasileira", disse, durante o lançamento da chapa de oposição ao governo petista de Jaques Wagner na Bahia.
Já ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) afirmava em Brasília, durante lançamento de sua pré-candidatura com Marina Silva ao lado, que não se pode permitir que ela vire um "caso de polícia". Ele também atacou o valor de mercado da estatal: "Não vamos permitir que a Petrobras se transforme em um caso de polícia, que a Eletrobras seja desmontada enquanto sistema. Um País não pode ver a Petrobras valer R$ 458 bilhões e em três anos chegar a R$ 185 bilhões e acharem que não houve nada de mais. Precisamos levar palavra de confiança da Petrobras a universidades. Nós vamos fazer a diferença na Petrobras".
O próprio ato de Dilma em Pernambuco já tinha por objetivo fazer um contraponto ao evento de Campos em Brasília. Por ordem do Planalto, o Estaleiro Atlântico Sul, que fabrica navios para o transporte de óleo da Petrobras, marcou para hoje a saída inaugural do cargueiro "Dragão do Mar" de Suape para Campos dos Goitacazes, no Rio de Janeiro. Era a oportunidade de Dilma discursar no Estado de um eventual adversário nas eleições de outubro, o ex-governador pernambucano Eduardo Campos (PSB), e pregar que a estatal mantém a rotina mesmo diante das denúncias.
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À "galera", como ela se referiu à plateia formada por militantes petistas e trabalhadores do estaleiro, Dilma disse que o governo anterior ao do PT quis mudar o nome da Petrobras para PetroBrax e reduziu os investimentos da estatal. "De forma sorrateira, começou todo um processo que fatalmente levaria (a Petrobras) para as mãos privadas", atacou. "De tão requintado esse processo, chegou-se até a propor a mudar o nome para Petrobrax, sonegando à Petrobras a sigla que é a nossa identidade e a nossa nacionalidade, o 'Bras' de Brasil", completou. A ideia de transformar a Petrobras em PetroBrax foi lançada no início da década de 2000, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, então sob a justificativa de facilitar o processo de internacionalização da companhia. "A tentativa de tentar sucateá-la deixou marcas profundas."
No discurso lido durante 38 minutos, Dilma defendeu a versão de que o escândalo atual envolvendo a estatal é resultado de ações "individuais" e "pontuais". A presidente se queixou que a história da Petrobras é cercada de "confusões" e "armadilhas", citando desde as análises mais antigas, de que não havia petróleo no Brasil, até processo de tentativa de privatização da companhia.
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Ela apresentou uma série de números para criticar o governo tucano. A presidente disse que atualmente se esconde a informação de que em 2003 a Petrobras valia no mercado R$ 15,5 bilhões e hoje "com toda a crise internacional, problemas a ela ligados e a conjuntura da bolsa", chega a R$ 98 bilhões. "Está errado quem diz que a Petrobras está perdendo valor e importância. Manipulam dados, distorcem fatos e desconhecem deliberadamente a realidade do mercado mundial de petróleo, para transformar eventuais problemas conjunturais a supostos fatos irreversíveis e definitivos", disse, numa referência à compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
Em nenhum momento os jornalistas puderam se aproximar de Dilma e da presidente da Petrobrás, Graça Foster. As assessorias de imprensa do Planalto e da estatal isolaram os jornalistas num cercado de grades e seguranças afastado do palco. Dilma ressaltou que a petroleira, no seu governo, "jamais vai se confundir com malfeitos, corrupção ou qualquer outro ilícito". A presidente saiu em defesa de Graça Foster e do presidente da subsidiária Transpetro, Sérgio Machado, que segundo divulgou hoje o jornal O Estado de S. Paulo, foi citado quatro vezes na agenda do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Machado, preso na operação Lava Jato da Polícia Federal. "Como presidenta, mas sobretudo como brasileira, eu defenderei em qualquer circunstância e com todas as minhas forças a Petrobras", afirmou Dilma.
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