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Ao entregar o Ministério das Cidades para Gilberto Kassab, presidente do PSD, e a pasta da Educação para Cid Gomes, principal nome do PROS, a presidente Dilma Rousseff tenta fortalecer e criar novas linhas de articulação política em seu segundo mandato. Ao mesmo tempo, procura reduzir o poder de influência dos dois principais partidos da coalizão em seus palcos favoritos: o PT dentro do próprio governo e o PMDB, no Congresso.
A prioridade para o início do segundo mandato é dar liberdade de trabalho ao novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Ele foi escolhido para adotar uma política econômica de ajuste fiscal severo, a fim de fazer convergir a inflação no centro da meta planejada (4,5%), produzir o superávit primário sem truques contábeis e manter o câmbio sob controle, com o dólar em torno de R$ 2,40. Na visão da presidente, essa é uma questão que está fora da pauta dos partidos, por significar a própria sobrevivência do projeto de governo.
Por isso, conforme um auxiliar da presidente no Planalto, Dilma sabe da necessidade de reduzir o poder de seu próprio partido. Tendências mais à esquerda, como o PT de Lutas e Massas, exigem a demissão de Levy antes mesmo da posse e ainda chiam da escolha para a Fazenda. O raciocínio da presidente é o de que quanto maior for o protagonismo de petistas e peemedebistas, mais ela ficará refém das exigências das duas legendas. O PMDB, sempre pedindo mais espaço político e dificultando votações no Congresso; o PT, pregando a volta da doutrina econômica heterodoxa de Guido Mantega.
Ministro, Kassab vai mais uma vez trabalhar pela criação de uma nova legenda. Em 2011, ele fundou o PSD a partir de dissidências do DEM. Agora, buscará a fusão do partido com outros menores, o que resultaria no criação do novo Partido Liberal (PL).
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Nas contas do ex-prefeito de São Paulo, assim que o plano for executado, sua legenda será catapultada da quarta para a primeira ou segunda maior bancada da Câmara dos Deputados, passando dos atuais 37 para cerca de 70 deputados - mesmo número do PT e 4 a mais que o PMDB, a partir de 2015.
Articulador inconteste, como já provou na formação do PSD, Kassab poderá ampliar o poder de atrair parlamentares para o novo partido ao comandar Cidades. Trata-se de uma das canetas mais cobiçadas da Esplanada, com alto poder de fogo e capilaridade.
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Em 2015, o ministério continuará a ser o terceiro maior orçamento ministerial para despesas discricionárias (de investimento e custeio não fixo), em torno de R$ 26,3 bilhões. É nessa pasta que se concentra fatia significativa das emendas parlamentares ao Orçamento.
Como ministro da Educação, Cid Gomes vai administrar a maior fatia da Esplanada, com estimados R$ 46,7 bilhões em despesas não fixas. Além disso, comandará uma das pastas com maior poder para catapultar políticos para cargos eletivos.
Trocas
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Faz parte ainda da tática de Dilma acabar com feudos partidários de pequenas legendas, como PC do B e PRB. Dos primeiros, aliados do PT desde a primeira campanha de Lula, em 1989, a presidente tirou o Ministério do Esporte. O PC do B vinha usando a pasta para criar programas voltados à juventude, o que facilitava o recrutamento de novos militantes, trabalho antes restrito às entidades estudantis. Agora, vai assumir Ciência e Tecnologia.
Já o PRB havia usado a estrutura da Pesca para conquistar votos em redutos dependentes de benefícios dessa atividade, como a concessão de carteiras de pescador, como mostrou o Estado em novembro. Dilma passou o Esporte ao PRB e a Pesca para o ex-prefeito de Ananindeua, Helder Barbalho (PMDB), derrotado ao governo do Pará, mas que a auxiliou a ter votos no Estado.
Ciente de que Dilma joga para dividir a base aliada, a cúpula peemedebista orienta deputados e senadores para que se aglutinem em torno de algumas lideranças do partido, como o vice-presidente Michel Temer e o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL).
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Vice-líder do PMDB, o deputado Lúcio Vieira Lima (BA) afirma que o único ministério de ponta entregue ao partido, o de Minas e Energia, dará uma visibilidade às avessas para a legenda. "O grande feito de nosso melhor ministério será o anúncio do reajuste de tarifas. Os bons foram entregues ao PSD, ao PROS, ao PR (Transportes) e ao PP (Integração Nacional)."