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A presidente Dilma Rousseff aproveitou eventos oficiais no interior de São Paulo nesta terça-feira para levar ao palanque o pré-candidato do PT ao Palácio dos Bandeirantes, o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, e fazer críticas ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), provável adversário do petista.
Pela manhã, Padilha surpreendeu ao aparecer na cerimônia de assinatura da ordem de serviço para construção de um conjunto habitacional onde vão morar as 1.700 famílias que viviam na ocupação Pinheirinho, em São José dos Campos. À tarde, o roteiro se repetiu em Bauru, dessa vez com a entrega de 944 apartamentos do Minha Casa, Minha Vida. São José foi palco de uma das maiores reintegrações de posse do País, em 2012, quando 2 mil homens da Polícia Militar expulsaram as pessoas que viviam há oito anos em um terreno do investidor Naji Nahas. Moradores denunciaram abusos dos policiais durante a desocupação.
Padilha disse ter sido convidado por Dilma na condição de ex-ministro e justificou sua presença alegando que a pasta da Saúde financia a construção de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no local. O petista deixou o cargo em janeiro. Segundo a prefeitura de São José, a UPA fica alguns quilômetros distante dali, e sua construção não tem relação com o caso Pinheirinho. Isso porque a obra da unidade de saúde começou em junho de 2012 - mais de um ano antes da escolha do terreno para o conjunto habitacional.
"A confusão pode ser sua. Eu não tenho confusão de estar aqui", respondeu o pré-candidato ao ser questionado sobre a eventual "carona" em solenidade da presidente. O ex-ministro foi anunciado por Dilma como "um dos responsáveis pelo Mais Médicos" ao subir no palanque das autoridades. Alckmin não compareceu e mandou como representante o secretário da Habitação, Silvio Torres. O tucano foi vaiado, enquanto Dilma foi ovacionada por cerca de 2 mil pessoas - a maioria futuros moradores do conjunto que vai custar R$ 165 milhões aos cofres públicos, 20% dos quais do governo do Estado.
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Parte da plateia era formada por bolsistas do programa Bolsa Auxílio Qualificação da prefeitura de São José, comandada pelo PT. Duas delas disseram ter deixado o trabalho, a convite da prefeitura, para irem ao ato com Dilma. Futuros moradores disseram que o município pagou os ônibus que os levaram à cerimônia. A gestão petista nega.
Força
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A presidente listou números positivos do Minha Casa Minha Vida, propagandeou programas de seu governo, como o Pronatec, e aproveitou o simbolismo do caso Pinheirinho para criticar a ação da PM comandada por Alckmin.
"Vocês foram capazes de mostrar uma força, de mostrar caráter, de mostrar dignidade diante, talvez, de uma das maiores violências que pode acontecer com uma família, que é perder seu lar", disse Dilma. Outros oradores também atacaram duramente a posição do governo Alckmin no caso. A ação da PM no Pinheirinho, em janeiro de 2012, foi alvo de críticas dos adversários e defensores dos direitos humanos em todo o mundo. Dilma, na época, chamou a ação de "barbárie". "A reintegração de posse foi imposta pela Justiça e coube à PM cumpri-la. Nem tudo que dizem sobre o caso é verdade", disse Silvio Torres, que considerou "do jogo" a presença de Padilha no evento.
Água. Em Bauru, o pré-candidato petista atacou a política do governo tucano para os recursos hídricos. Dessa vez, não havia representante da gestão Alckmin no mesmo palanque. "Existe um falta de ação do governo do Estado. Ele não enfrentou os problemas da oferta de água, sobretudo para as regiões metropolitanas", disse Padilha.
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O ex-ministro afirmou que não usou o avião de Dilma para se deslocar de São José para Bauru - cidades que ficam a 415 km de distância pelas rodovias do Estado.
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