Política

Dilma e Obama podem ter acordo sobre o clima

O eventual acordo seria uma maneira de alinhar o encontro com as prioridades de Barack Obama e o legado que busca construir antes de deixar a presidência, em 2017

Publicado em 21/05/2015 às 12:40

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A Casa Branca quer colocar o combate à mudança climática no centro da visita que a presidente Dilma Rousseff fará a Washington no dia 30 de junho, com uma declaração que evidencie o compromisso dos dois países com o sucesso da Conferência do Clima (a COP-21), em Paris. O eventual acordo seria uma maneira de alinhar o encontro com as prioridades de Barack Obama e o legado que busca construir antes de deixar a presidência, em 2017.

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A questão ambiental ocupa peso crescente na agenda do líder americano, que em novembro fechou um pacto de redução de emissões com a China. Os dois países são os maiores poluidores do mundo.

Os Estados Unidos prometeram reduzir as emissões entre 26% e 28% até 2025, sobre os patamares de 2005. A China assumiu o compromisso de aumentar para 20% a participação de fontes não fósseis em sua matriz energética e começar a diminuir as emissões em 2030.

O objetivo de Washington agora é buscar um anúncio de impacto com o Brasil. Com a credencial de ter uma matriz energética relativamente "limpa" e ser visto como um líder nessa área, o Brasil seria um parceiro natural para uma forte declaração que dê impulso às negociações de Paris.

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O objetivo de Washington agora é buscar um anúncio de impacto com o Brasil (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)

Disposição

Ainda não está claro se os dois lados chegarão a um acordo, mas há disposição de ambas as partes. Uma pessoa que acompanha as negociações do lado brasileiro observou que as emissões do País estão em queda.

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Mesmo que não haja anúncio de cortes, essa fonte observou que há uma série de medidas que podem integrar um memorando sobre clima.

Além do compromisso com redução de emissões e ampliação de fontes não fósseis, o documento assinado com a China prevê a cooperação tecnológica no desenvolvimento de energias limpas e aumento da eficiência energética. Entre as iniciativas concretas está a construção de um grande centro de estocagem de carbono na China e um projeto-piloto de produção de água por meio da injeção de CO2 em aquíferos salinos de grande profundidade.

O Brasil tem interesse em tecnologia e em financiamento. O País ainda não definiu as chamadas Contribuições Nacionais Determinadas, que são as metas que apresentará para Paris, e não está claro se isso ocorrerá antes da visita de Dilma.

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O secretário de Energia de Obama, Ernest Moniz, disse ontem ter recebido indicações de que a presidente Dilma está "bastante comprometida" com as negociações internacionais sobre mudança climática. Moniz ressaltou que um dos problemas causados pelo aquecimento global é a ameaça às fontes de água. Com sua dependência de hidrelétricas, o Brasil estaria especialmente vulnerável a esse risco, que levaria à necessidade de desenvolvimento de outras formas pouco poluentes de eletricidade. Moniz afirmou que os dois países já colaboram na produção de biocombustíveis de nova geração e podem ampliar a cooperação em relação a outras fontes limpas.

Divergências

Apesar disso, Brasil e Estados Unidos têm divergências na negociação de Paris. Entre elas, está o caráter da COP. O Brasil defende que a convenção tenha caráter vinculante, o que não é aceito pelos americanos. Isso exigiria a aprovação da convenção pelo Congresso americano, que costuma se opor a tratados de jurisdição internacional.
 

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