Política

Dilma diz ao PT que ajuste permite governabilidade

A presidente fez um apelo à “maturidade” dos petistas, que reclamam do fato de ela ter sido reeleita com um discurso - contra o corte de gastos - e agora sinalizar com uma prática oposta

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 29/11/2014 às 11:32

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Em meio a críticas do PT e de movimentos sociais pela escolha de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda, a presidente Dilma Rousseff associou na noite de sexta-feira (28) a guinada ortodoxa com escolha dos nomes da equipe econômica à governabilidade. Ao mesmo tempo, fez um apelo à “maturidade” dos petistas, que reclamam do fato de ela ter sido reeleita com um discurso - contra o corte de gastos - e agora sinalizar com uma prática oposta.

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“Nós temos que tomar as medidas necessárias, sem rupturas, sem choques, de maneira gradual e eficiente como vem sendo feito. Temos que estar unidos. Eu preciso do protagonismo de todos vocês e neste protagonismo destaco o PT. O PT tem maturidade e hoje, depois de todo esse período, sabe que precisamos ter legitimidade e governabilidade”, afirmou a presidente, em seu primeiro encontro com a cúpula do partido depois da reeleição.

Dilma comemorou o fato de o País terminar o ano dentro do topo da meta de 6,5% de inflação, mas disse que não está satisfeita e que medidas devem ser tomadas. Por isso, ela desafiou o partido a renovar suas perspectivas diante das demandas econômicas.

“A conjuntura muda, a situação do País muda, as condições da economia mudam. Nós nos adaptamos às novas demandas e damos respostas a cada uma delas. Acho que esta é a grande missão do PT”, disse ela.

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Dilma pediu “maturidade” dos petistas insatisfeitos (Foto: Divulgação)

Por outro lado, a presidente fez afagos ao PT, garantindo que a condução ortodoxa da economia não vai afetar a essência do programa do partido. “Uma coisa deve ficar clara e ninguém deve se enganar sobre isso. Fui eleita por forças progressistas, não para qualquer processo equivocado, mas para continuar mudando o Brasil.”

Bem humorada, Dilma lembrou que, embora tenha sido eleita pelo PT, lidera uma coalizão de partidos e tem a obrigação de governar para todo o conjunto da população. “O governo não é um governo meu, no sentido que ele é só meu e eu guardo abraçadinha nele. O governo é do PT e dos partidos da nossa aliança porque nós fizemos uma aliança e dos movimentos sociais. Mas também o governo é dos que votaram em mim e dos que não votaram.” Falando para o partido, Dilma voltou a defender a reforma política, uma das prioridades da agenda petista, desta vez de forma mais objetiva.

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‘Coisa feita’

Os dirigentes petistas consideram “coisa feita” a nomeação de Levy, economista que é discípulo de Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central e conselheiro da campanha de Aécio Neves (PSDB) fortemente atacado por Dilma durante a campanha eleitoral em razão de suas ideias ortodoxas.

Embora contrariadas, as principais correntes do partido não devem tornar públicas críticas às escolhas da presidente. Em troca, o partido vai pedir mais empenho do governo em questões caras à base petista, como o marco regulatório dos meios de comunicação, a revisão do fator previdenciário, reforma fiscal, questões trabalhistas e indígena. O PT também deve cobrar espaço mais qualificado no ministério.

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A legenda já dá como certo que terá um número menor de ministérios no segundo mandato de Dilma. Conforme um importante dirigente petista, isso deve ser compensado com a indicação de “líderes capazes de fazer a disputa política nas suas áreas”. Ou seja, o PT quer um ministério mais político e menos burocrático e hermético do que o do primeiro mandato.

Precedente

Embora os nomes de Levy e de Kátia Abreu - senadora do PMDB e ruralista escolhida para o Ministério da Agricultura - não agradem a setores do PT, eles dizem que “o que vai prevalecer” é o programa de governo do partido. Para driblar as críticas, os dirigentes fazem uma comparação com o primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, quando Henrique Meirelles - na época um banqueiro filiado ao PSDB - foi escolhido para o Banco Central, o “petista conservador” Antonio Palocci para a Fazenda e Roberto Rodrigues, representante do agronegócio, para a Agricultura.

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