Política

Dilma cobra fidelidade da base para abafar 'motivações eleitorais' da oposição

Em seu discurso, a presidente não chegou a citar explicitamente a sigla CPI, mas suas referências veladas não deixaram dúvidas sobre o seu alvo

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 01/04/2014 às 22:02

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No momento em que o Congresso Nacional discute a criação de duas CPIs, a presidente Dilma Rousseff cobrou fidelidade dos partidos da base de sustentação do governo no Congresso para abafar as investigações sobre a Petrobras. Em cerimônia nesta terça-feira, 1, no Planalto, Dilma disse esperar que seus aliados impeçam as "motivações eleitorais" escondidas atrás de propostas da oposição.

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"Tenho certeza que os nossos aliados saberão agir para impedir que motivações meramente eleitorais acabem por atropelar a clareza e esconder a verdade na busca de respostas e soluções para os grandes problemas nacionais", afirmou a presidente, na cerimônia de posse do ministro de Relações Institucionais, Ricardo Berzoini (PT). Ele assumiu no lugar de Ideli Salvatti, que foi deslocada para a Secretaria de Direitos Humanos.

Em seu discurso, Dilma não chegou a citar explicitamente a sigla CPI, mas suas referências veladas não deixaram dúvidas sobre o seu alvo. Pressionada por alas do PMDB que tentam constrangê-la, Dilma admitiu que o presidencialismo brasileiro é marcado pela "colisão entre correntes distintas" e pediu a união de todos em nome do interesse nacional.

"Tenho certeza (...) de que aquilo que o nosso povo quer, o governo e o Congresso Nacional unidos saberão fazer. O povo quer ver seus direitos atendidos e mais oportunidades oferecidas por serviços públicos de qualidade. Esse é o compromisso básico de nosso governo, e tenho certeza, do Congresso", insistiu a presidente.

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Ao transmitir o cargo para Berzoini, o governo pretende inaugurar um novo modelo de articulação política. Por meio dele, o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, cuidará mais do Senado, enquanto Berzoini ficará responsável pela Câmara. Dilma disse que o novo ministro fará uma negociação política "altiva, honesta e respeitosa" com o Congresso.

A presidente Dilma Rousseff cobrou fidelidade da base aliada para abafar 'motivações eleitorais' da oposição (Foto: Agência Brasil)

Berzoini afirmou que sua tarefa é reduzir o tensionamento eleitoral no embate político. "Nós sabemos que o ambiente é político, mas queremos reduzir a disputa eleitoral. A Petrobrás é uma empresa da maior importância para o Brasil, que não pode ser objeto desse tipo de especulação", argumentou Berzoini. "Eu prefiro construir edificações a apagar incêndios".

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Na sequencia, completou: "A orientação é que façamos o diálogo com as lideranças da base para ver qual o melhor caminho, justamente para obter o que ela (Dilma) falou no seu discurso, de evitar qualquer tipo de exploração política eleitoral em um assunto tão importante para o Brasil como é a gestão da Petrobras", afirmou.

Berzoini afirmou ainda que "CPI é um direito da minoria", mas que o governo vai brigar para evitar que a imagem da Petrobras saia arranhada de uma investigação parlamentar. "Se é para ter um apuração, que seja rigorosamente no campo da legalidade, reduzindo a disputa política eleitoral. Vamos trabalhar com serenidade, porque é uma empresa da maior importância para o Brasil, que não pode ser alvo desse tipo de especulação", afirmou.

Em sintonia com a estratégia do Planalto, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, adotou tom irônico para se referir à oposição. "CPI nos olhos dos outros é refresco. Agora, por exemplo, querem fazer uma CPI da Petrobras, mas por que não daquele negócio do Metrô de São Paulo?", indagou Bernardo. "Vamos ser sinceros: tudo indica que teve roubalheira naquele caso e até Tribunal de Contas do Estado está envolvido nisso. Por que não apurar logo tudo?".

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