Política

Dilma barra pressão de PT e PMDB por cargos

A presidente deu sinais de que pretende enfrentar as crises na seara política e as turbulências na economia sem ceder a pressões do PT e do PMDB, nem se importar com o cenário de 2018

Publicado em 01/11/2014 às 17:29

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Dilma Rousseff quer ser "mais Dilma" no segundo mandato. Apesar de fazer um apelo pelo diálogo e de prometer "ouvir mais" o Congresso, após ser reeleita com 51,64% dos votos, a presidente deu sinais de que pretende enfrentar as crises na seara política e as turbulências na economia sem ceder a pressões do PT e do PMDB, nem se importar com o cenário de 2018.

Antes de viajar para um descanso de quatro dias na Bahia, Dilma abriu um sorriso ao ler nos jornais que poderia encaixar o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles no Ministério da Fazenda. "Eu vou fazer isso, é?", perguntou ela, rindo, a um ministro do PT.

A sugestão da troca de Guido Mantega por Meirelles foi feita pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Dilma no início do ano passado, quando o titular da Fazenda passou a ser alvo de fortes críticas de todos os lados. Ela resistiu porque nunca gostou de Meirelles.

Com o apoio do ex-ministro Antonio Palocci, removido da Casa Civil em 2011, Lula tentou emplacar de novo, nos últimos dias, o ex-presidente do Banco Central, mas Dilma não aceitou a indicação. Ele também sugeriu para o cargo o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, e o ex-secretário executivo da Fazenda Nelson Barbosa, hoje colaborador do Instituto Lula. Barbosa é o preferido do PT, mas, se a escolha ficar restrita a essa lista, Dilma tem mais simpatia por Trabuco.

Em conversas com amigos, o ex-presidente confidenciou estar preocupado com o novo governo de Dilma porque acha que depende dela a manutenção do PT no poder a partir de 2019.

Dilma barra pressão de PT e PMDB por cargos (Foto: Wilson Dias)

Lula prevê tempos difíceis pela frente tanto na política, com os desdobramentos da Operação Lava Jato e com a candidatura do desafeto Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à presidência da Câmara, quanto na economia, já que Dilma terá de recorrer a um pesado ajuste fiscal para cortar despesas. "Se ela fizer um segundo mandato igual ao primeiro, sem ouvir ninguém, estaremos perdidos", disse Lula a um interlocutor do Rio, de acordo com relato obtido pelo jornal "O Estado de S. Paulo".

O ex-presidente se movimenta para ser candidato ao Palácio do Planalto, em 2018, e pretende ter mais influência no governo Dilma, de agora em diante.

Ao mesmo tempo, Lula quer fazer uma profunda reforma no PT, que, no seu diagnóstico, precisa de uma "chacoalhada" porque envelheceu, se distanciou dos movimentos sociais e não soube se defender das sucessivas denúncias de corrupção - desde o escândalo do mensalão às acusações de desvio de dinheiro na Petrobras.

Distância

Até agora, porém, os "lulistas" no primeiro escalão estão isolados e têm perdido espaço. Homem da confiança de Lula, o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, já avisou que não permanecerá no cargo no segundo mandato de Dilma e, se ficar no governo, quer ir para a Funai.

Para a cadeira de Carvalho, a presidente deve escalar Miguel Rossetto, hoje ministro do Desenvolvimento Agrário, com quem ela já trabalhou no Rio Grande do Sul.

Organizadora de três jantares no início do ano com empresários e artistas, que acabaram estimulando o movimento "Volta, Lula", a ministra da Cultura, Marta Suplicy, irritou Dilma e retornará agora ao Senado.

De todas as indicações com perfil mais próximo de Lula, a única que deve ficar no Ministério é Miriam Belchior, atual titular do Planejamento.

O PT, com 17 dos 39 ministérios, reivindicará Cidades, hoje com o PP de Paulo Maluf. Por ter um orçamento polpudo - R$ 26,3 bilhões previstos para 2015 - e ser responsável por obras de saneamento, mobilidade e habitação popular, a pasta é alvo de vários aliados e pode ir para o PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab. O PMDB, com cinco ministérios (Minas e Energia, Previdência, Agricultura, Turismo e Aviação Civil), também quer aumentar sua cota na Esplanada e pede Transportes ou Integração Nacional.

Dilma não se mostra disposta a ceder nesse capítulo. Além de driblar projetos no Congresso que, se aprovados, aumentam os gastos e prejudicam as contas públicas, como os de reajuste salarial, a presidente também enfrenta o mau humor dos aliados que perderam a disputa em seus Estados e culpam o governo pelo fracasso nas urnas.

"O PMDB saiu dividido da eleição, mas acredito que a presidente entendeu o recado político", afirmou o senador Romero Jucá (PMDB-RR), que apoiou a candidatura de Aécio Neves (PSDB) ao Planalto.

Questionado se o PMDB dificultaria a vida de Dilma no Congresso, Jucá deixou uma dúvida no ar. "A convivência depende de ambas as partes, que podem atrapalhar ou facilitar as coisas", respondeu o senador. "Existem gestos e posições dos dois lados. É uma relação de mão dupla e o futuro depende disso."

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