Política
Ao sancionar o Estatuto de Juventude, ela assegurou que vai ficar "cada vez mais conectada não só com a voz das ruas, mas também das redes (sociais)"
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Com a imagem desgastada e diante de um Congresso que retoma seus trabalhos emitindo sinais de "insubordinação" ao Planalto, a presidente Dilma Rousseff aproveitou cerimônia no Palácio para se reaproximar dos jovens que ocuparam as ruas nos últimos meses em seguidos protestos e fizeram derrubar a sua popularidade. Ao sancionar o Estatuto de Juventude, ela assegurou que vai ficar "cada vez mais conectada não só com a voz das ruas, mas também das redes (sociais)" e que seu governo está aparelhado para combater a corrupção.
"Nós não podemos descuidar do combate aos corruptores", disse Dilma, sob aplausos de jovens presentes, muitos da politizada União Nacional dos Estudantes, que lotavam o salão nobre do Planalto. "Todas as estruturas do governo estão capacitadas para coibir desvios de recursos públicos", afirmou a presidente, destacando o trabalho do portal da transparência, da Controladoria Geral da República e do Ministério Público. "O Brasil precisa que nós olhemos o trabalho cotidiano como um trabalho que tem de ser feito, tanto assegurando as melhores práticas de gerência, mas também com o combate sistemático aos malfeitos e à corrupção", comentou.
A presidente voltou a bater na tecla da necessidade da reforma política ressaltando que o sistema político deve ser "pautado por valores de ética e transparência". Em um recado a todos os governadores e prefeitos, que também estão sofrendo rejeição nas pesquisas locais, Dilma pregou que "todos os poderes sejam governados de forma absolutamente ética".
Ao citar a sua proposta de convocação de plebiscito para tratar da reforma política, a presidente defendeu que é necessário que "as instituições se tornem cada vez mais permeáveis às demandas da sociedade, das redes e das ruas". Para ela, "consultar o povo nunca é demais".
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Memória
Em discurso emocionado, a presidente Dilma lembrou seu tempo de juventude militante, ressaltando que também ia para as ruas protestar, mas ressalvou que, muitas vezes, ao protestar, eles acabavam presos. "Em outros momentos da minha vida, eu também estive nas ruas lutando por mais democracia e mais direito. Naquela época você ia uma vez ou duas ou três vezes para a rua, mas depois você acabava na cadeia", lamentou. Em seguida, no entanto, comemorou o fato de os jovens de hoje "terem vivido parte da infância e da juventude nos governos do presidente Lula e no meu governo". E emendou: "muitos cresceram convivendo com um novo Brasil, um Brasil em transformação. Nele, há muita coisa para ser feita, mas também há algumas conquistas que nós realizamos nesses últimos anos".
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A presidente Dilma já havia tentado uma reaproximação com lideranças juvenis ao recebê-los no dia 28 de junho, no Palácio do Planalto, dando continuidade de uma agenda de consulto a diversos segmentos sociais. No discurso desta segunda, a presidente fez questão de destacar sua veia democrática. "Eu não sou uma pessoa que deixou meus compromissos democráticos quando assumi a Presidência", disse Dilma, sob aplausos.
Ela emendou, então passando a falar sobre uma das maiores queixas dos jovens, que é a questão da violência contra negros e pobres de baixa renda. "É o lado mais perverso. Talvez seja a questão mais grave que a juventude passa", afirmou a presidente, sendo interrompida pelos gritos de "Olê, olê, olá, Dilma, Dilma". Falando como guerrilheira, a presidente prosseguiu pregando que é preciso construir "trincheiras para lutar contra a violência indiscriminada" aos jovens.
Além de se reaproximar dos jovens, com a sanção ao Estatuto da Juventude, a presidente Dilma também tentou uma reaproximação com a sua base no Congresso, ao convidar parlamentares para uma reunião no Planalto.
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