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A presidente Dilma Rousseff escolheu o ex-secretário do Tesouro Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda e montou uma equipe econômica de forma a agradar ao mercado. O Ministério do Planejamento será ocupado pelo ex-secretário executivo da Fazenda Nelson Barbosa e Alexandre Tombini deve continuar no Banco Central. Mas o anúncio da equipe, que era esperado ao longo do dia de ontem (21) e ajudou a elevar o Índice Bovespa, foi deixado para uma data a ser definida.
Ontem, o Palácio do Planalto chegou a pedir extraoficialmente aos jornalistas que ficassem preparados para uma entrevista coletiva a qualquer momento. No fim do dia, os repórteres foram avisados de que não haveria anúncio nenhum.
Uma explicação para a frustrada confirmação da futura equipe econômica é preservá-la das “más notícias” esperadas para a próxima semana. Caberá a Guido Mantega - titular da Fazenda prestes a encerrar o ciclo mais longo à frente da pasta na história da República - dar explicações para a agenda negativa e evitar que seu sucessor enfrente desgaste antes mesmo de assumir o cargo.
Na segunda-feira, o Banco Central vai divulgar a nota do setor externo no mês de outubro, com as transações e investimentos estrangeiros diretos recebidos pelo País. À noite, a Comissão do Orçamento tentará aprovar o projeto que muda a Lei de Responsabilidade Fiscal (LDO) e flexibiliza a meta de superávit primário, medida vista com ressalvas por parte dos economistas. Pela proposta, a União passaria a incluir investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o que deixou de arrecadar com os cortes de impostos como parte do esforço fiscal. E na quinta o Tesouro deve divulgar o resultado primário do governo central (Tesouro, BC e Previdência) em outubro, cujos dados não devem ser positivos.
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Idas e vindas
Seja como for, o adiamento é mais um ruído na tentativa do governo de melhorar o diálogo com os agentes econômicos. Ontem, também surgiram os nomes dos futuros ministros da Agricultura e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, ambos sem confirmação oficial.
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No início da semana, Dilma convidou para a Fazenda o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco. Para viabilizar a escolha, a petista conversou com o presidente do conselho de administração do banco, Lázaro Brandão, que vem preparando Trabuco para lhe suceder no principal posto do Bradesco. A operação foi malsucedida e, mesmo preparada para o desgaste político de nomear um “banqueiro” após criticar o setor na campanha eleitoral, Dilma foi surpreendida pela recusa de Trabuco, que alegou seus compromissos com o Bradesco para rejeitar a Fazenda.
A decisão de adiar a confirmação da equipe econômica causou surpresa até entre ministros e assessores da presidente. Não foi dada nenhuma explicação para a medida e tampouco uma data para o anúncio oficial. Apesar disso, segundo auxiliares da presidente, Levy, Barbosa e Tombini já vão começar a sondar nomes para suas respectivas equipes.
‘Mãos de tesoura’
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Um assessor chegou a citar reações no PT com a escolha de Levy. No partido, o ex-secretário do Tesouro tem o apelido de “Joaquim mãos de tesoura” por causa dos grandes cortes promovidos nessa função, no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.
Na Fazenda, o comentário foi de que Mantega - com quem Dilma esteve à noite, na capelinha do Palácio do Alvorada - ficou magoado com a escolha de Levy, visto como contraponto à atual gestão. O ex-secretário do Tesouro é administrador de fundos de investimento do Bradesco e sempre foi defensor de uma política fiscal mais dura e ortodoxa que Mantega, hoje sem credibilidade no mercado.
Quando foi secretário da Fazenda no Rio, entre 2007 e 2010, fez o Estado ser o primeiro do Brasil a ter o selo de grau de investimento da agência Standard and Poor’s (S&P) - um dos desafios da próxima equipe econômica será manter esse status para o País, hoje sob risco de ser perdido.
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Auxiliares da presidente também disseram que o adiamento seria uma “tática” para “testar” o nome de Levy no mercado e manter a Bolsa aquecida - foi registrada a maior alta em 3 anos.
A definição da equipe econômica é só uma das questões a serem equacionadas por Dilma. No desenho da reforma ministerial, a presidente avalia se é melhor seguir com José Eduardo Cardozo na Justiça pelo menos no início do segundo mandato. A avaliação é de que o momento é “delicado demais” para mudar o ministério sob o qual está a Polícia Federal, responsável pela Operação Lava Jato. (Débora Bergamasco, João Domingos, Rafael Moraes Moura, Ricardo Della Coletta, Tânia Monteiro e Vera Rosa)