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O desmatamento na Amazônia aumentou 117% entre os meses de agosto, setembro e outubro de 2014, em relação ao mesmo período no ano anterior, segundo dados oficiais medidos pelo Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A área total devastada no período foi de 1.924 km², ante 886 km² nos mesmos meses de 2013.
Em agosto, foram estimados 890 km² de alertas de corte raso. Em setembro, a estimativa atingiu 736 km² e, em outubro, 298 km².
Segundo o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) - que realiza um monitoramento não oficial operado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) -, o desmatamento foi de 437 km² em agosto, 402 km² em setembro e 244 km² em outubro, totalizando 1.083 km² de área devastada.
Embora a área seja menor do que a estimada pelo Deter, o SAD detectou um aumento maior do desmate (de 227%) em relação ao mesmo trimestre de 2013, quando teriam sido destruídos 331 km².
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O SAD usa imagens do mesmo sensor e do mesmo satélite empregados pelo Deter, mas faz os cálculos com metodologia diferente. De acordo com o pesquisador sênior do Imazon Carlos Souza Júnior, embora exista disparidade entre os números dos dois sistemas, os dados do Deter demonstram que o desmatamento realmente cresceu. "A ordem de grandeza varia, mas a tendência não muda. O desmatamento está aumentando na Amazônia."
Divulgação
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Desde setembro, o Inpe não divulgava os dados do Deter. Na ocasião, os números referentes a junho e julho indicavam aumento de 195% no desmatamento, em relação ao mesmo período de 2013.
Em 7 de novembro, o jornal Folha de S. Paulo obteve os números de agosto e setembro que mostravam crescimento de 122%, em relação aos mesmos meses em 2013. Segundo a reportagem, o governo federal já conhecia os dados antes do segundo turno da eleição presidencial, realizado em 26 de outubro, mas decidiu adiar a divulgação para depois do pleito.
O Inpe, porém, divulgou nota alegando que o atraso na divulgação tinha o objetivo de garantir ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) o uso exclusivo dos dados, a fim de obter vantagem em suas atividades de fiscalização.
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De acordo com o instituto, a divulgação dos dados do Deter era feita com 30 dias de atraso para garantir essa vantagem, mas o Ibama solicitou ao Inpe uma alteração no cronograma, porque os inquéritos sobre o desmatamento ilegal levam mais de um mês para serem concluídos.
"O Ibama percebeu que os dados do Deter estavam sendo usados pelos agentes que realizam desmatamentos ilegais para se prevenir contra os inquéritos", informou a nota.