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O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira em Porto Alegre que as derrotas que sofreu nas eleições presidenciais de 1989, 1994 e 1998 foram necessárias para que ele se desse conta da realidade do País.
"Não é porque gostei de perder, mas acho que foram necessárias algumas derrotas para nos dar conta de que a realidade política do País, é maior do que a nossa realidade sindical ou partidária", disse Lula. "Quando chegamos, chegamos com uma equipe mais preparada. Já tínhamos governado cidades e estados, e pudemos montar o governo já baseado em experiências bem sucedidas e mesmo as mal sucedidas foram importantes para que não repetíssemos no Governo Federal", completou o ex-presidente a integrantes do Conselho Econômico e Social do governo gaúcho, comandado pelo também petista Tarso Genro.
Em 2003, primeiro ano do governo Lula no Planalto, Tarso foi responsável por coordenar um conselho parecido, que reunia empresários, representantes de ONGs, artistas etc.
"Precisou um pouco de tempo para que as pessoas apressadas, que pensavam tão pequeno, começassem a compreender que queríamos algo maior do que diminuir o papel de alguém, mas engrandecer o papel de todos nas definições das políticas públicas quer iríamos tomar no governo", disse Lula, referindo-se às críticas ao chamado "Conselhão" segundo as quais o órgão disputaria lugar com o Congresso Nacional.
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Segundo Lula, esse diálogo obtido com a sociedade foi seu maior legado, maior ainda que o programa social Bolsa Família.
Além do encontro com o conselho estadual de Tarso, Lula participou nesta terça de um evento do PT para comemorar os dez anos no comando do Planalto - o partido vem realizando uma série de seminários temáticos para tratar do período.
Na capital gaúcha, o tema em debate era política externa. A presidente Dilma Rousseff, que se radicou politicamente no Rio Grande do Sul, também participou do seminário promovido pelo partido.
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Discurso
As questões externas já haviam tomado boa parte do discurso de Lula aos integrantes do conselho do governo gaúcho. O ex-presidente defendeu mais ousadia no comércio internacional, tanto para vender seus produtos, quanto para prestar ajuda financeira a parceiros, como forma de incentivo ao aumento das relações comerciais, e também defendeu a solidariedade entre vizinhos e afirmou que o Brasil sendo a maior economia, tendo a maior população da região também tem que ter generosidades com seus vizinhos.
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"Não pensar em crescer sozinho, ter generosidade de construir juntos para que nossos vizinhos possam crescer conosco", afirmou o petista. Lula lembrou ainda que a África, com 350 milhões de consumidores de classe média, só passou a ser vista como parceira comercial durante seu Governo. "Jamais vou querer que Cristina (Kirchner, presidente da Argentina) e Dilma briguem, se Brasil e Argentina estiverem bem, o Mercosul estará bem, Unasul estará bem, a possibilidade de criar um bloco forte acontece, senão não acontece."
‘Marolinha’
Lula defendeu ainda a política de aumento de consumo que o Brasil adotou internamente durante a crise mundial de 2008. Afirmou que a crise econômica é resultado de uma crise política de países de primeiro mundo que "terceirizaram" a política, em possível alusão à submissão das decisões com os agentes econômicos. "Foram gastos US$ 9,5 trilhões e aumentou o desemprego", disse.
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"Sei como fui achincalhado quando disse que a crise não passava de marolinha, quando fui para a televisão, fazer a apologia do consumo em 2008, diziam que se perderia emprego", afirmou. "Eu disse pode perder, mas vão perder mais fácil se não consumirem, e a crise só piorou de lá para cá, não melhorou na Europa".